quinta-feira, 28 de maio de 2009

Procura-se


Procura-se:

“Um olhar”
“Um sorriso”
“Um carinho, um gesto, um toque”.
“Uma alma, um coração”.
“Talvez eu os tenha perdido. Escondido. Deixado em algum lugar”. “Não sei!”.
“Procura-se desesperadamente, ajude-me a me encontrar. Só assim”,
“A mim, a felicidade pode voltar”.
Este é um pedido de alguém, escrito na coluna de achados e perdidos de um jornal.


domingo, 17 de maio de 2009

Marcas do Tempo


Por volta dos 25 anos começam aparecer. Cedo. Finas. Vão se instalando. Em paralelo. Linhas. Logo abaixo dos olhos, rugas. É nossa pele se deteriorando.
Vem devagar, uma aqui, outra ali. Dos dois lados, igualmente distribuídas, sem pedir licença, para o desespero de todos.
Rosto, pescoço, mãos e finalmente o resto do corpo. É a beleza e a juventude ficando para traz, dando lugar à maturidade, a sabedoria que só o tempo percorrido nos dá.
Quando jovens, somos fúteis, materialistas. Pensamos ser, ter a fonte. Mas elas vêm. Como se dissessem: “o relógio não para. O tempo passou”. “Não vou mais olhar no espelho”, muitos dizem. Não adianta está na cara, não no reflexo. Segui conosco, anda conosco. Lembrança.
Umas tentam driblar, esconder. Plástica. Também não adianta, é só pele, físico. Os anos não são tirados com bisturis.
Deixem-nas, que nos acompanhem. É “sinal” de vida. Estão em paralelo sim, mas acompanhando nossa história. Afinal começamos a envelhecer no dia em que nascemos. Não com elas. Apenas fazem parte das marcas do tempo vivido, explorado por nós. Quem não as tem é por que já se foi.
Vamos cumprir nossa missão e viver cada momento escrito por elas.

domingo, 3 de maio de 2009

O Guarda - Roupa


Doa-se. Era o que estava escrito nos classificados de um jornal. Doa-se um guarda-roupa. De madeira envernizada, quatro portas, espelho embutido. Vão até os cabides!
Ah! Mas não é um guarda-roupa comum! Vou explicar:
Quando nasci, minhas roupas e mantas, minha mãe guardava ali. Uma vez garoto, era bola, brinquedo, livros, uniforme. Tudo junto com as minhas histórias.
Na adolescência, roupas de festas, bailes. Camisas com marcas de batom. Primeiro beijo.
Ao olhar no espelho, com ele minha imagem se fundia. Companheiro.
Meu Deus, vejam só, quando me casei, de presente eu o ganhei. Mãe, são todas iguais.
O dividi com minha esposa, guardei as roupinhas do meu filhinho. Bonés, sapatinhos.
A família cresceu, mas ele estava ali, firme.
Foram anos de convivência amigável, de cumplicidade e segredos.
Podem ficar. Sei, é usado. Mas não vou mais precisar. Já tirei dele meu último terno.
“Texto escrito pelo doador antes de morrer”.