sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Companheira


Companheira, ah essa minha companheira! Nunca me deixava sair, fazer amigos, visitar parentes. Teimava em me ter só para ela. E eu, por fraqueza ou falta de vontade, não resistia, cedia, e lá ficávamos só eu e ela, lado a lado com nossos pensamentos e temores.
Um dia me rebelei, saí, fui para a praça, para as ruas e notei que a mesma companheira que me aturdia, aturdia a outros também. Seu atrevimento era tanto e tão grande que mal podia cumprimentar conhecidos ou transeuntes. Foi me causando dependência, insatisfação de convivência com parentes e amigos. Quando por mim passavam pessoas conversando, sorrindo eu chegava a invejá-las, já não sabia mais agir assim. Assistíamos televisão, trabalhávamos, até íamos ao cinema, shopping, restaurantes, mas sempre só nós, duas.
A relação já começava ficar insuportável, insustentável; estava perdendo a vontade de viver, estava sufocando. Pedi ajuda!
Meu terapeuta não se indignou; “é mais normal que você pensa acontecer isso nos dias de hoje” me disse ele, “compra-se cachorrinho, disk ajuda, sei que é uma situação difícil de resolver, não sobra tempo, não sobra hora, nem pessoas. É tarde, é tarde, não posso, agora não dá. È só isso que se ouve”
Fui embora dali, tomei uma decisão; me separar. Separação litigiosa, mas enfim estou livre, mandei a SOLIDÃO embora, arrumei uma companheira de verdade, uma amiga de corpo, alma e espírito. É mais isso foi depois que meu terapeuta me indicou um “personal friend”. Pode?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ausência


Se tivéssemos tempo para parar e pensar realmente na vida do mundo atual, 2009. Iríamos perceber que ao mesmo tempo em que estamos; não estamos em lugar algum. Não sei se por ansiedade, falta de amor, ganância. “É tarde, é tarde, é tarde”, já dizia o coelhinho de “Alice no País das Maravilhas”. E nós estamos muito longe desse país, não é mesmo! E muito mais ainda de um mundo de maravilhas. Na verdade elas estão aí, mas não prestamos atenção. A correria, o estresse, o daqui a pouco, o amanhã, nunca chegará para nós. Estamos sempre com pressa e tentando resolver o “irresovível”, vencer o tempo! Queremos chegar logo ao trabalho, queremos sair logo do trabalho. O transito é infernal. Em casa, com afazeres; queremos descansar, melhorar o corpo, fazer compras, a roupa no varal, o filho que não obedece, o cônjuge não é o que se esperava; ao dormir; pesadelos.
Onde vamos parar! Assim não vamos parar nunca. Criança, adolescente, adulto, todos com tarefas acima do tempo acessível. A creche toma lugar do lar. Na sala de aula; o professor, “fulano de tal”, “presente”, responde. Será? Muitas vezes não, é internet, celular, hormônios. Quando adultos, no meio de tudo isso, o relógio roda, roda seus ponteiros e não como uma roda gigante que pára quando queremos descer. A rotina é quem manda!
É, essa bendita rotina. Com o caminho trilhado e com o hábito de proceder sempre da mesma maneira, se alterado; perde-se o rumo, esquece-se o que almoçou, se almoçou. Esquece-se de buscar o filho na escola. Esquece-se bebês dentro dos carros. Crianças têm morrido por inexistência do momento, que quer dizer, ausência. Sempre o amanhã, o depois, o tempo. O aqui e agora não existe mais. Pega-se a bolsa, a pasta, vai-se para o trabalho, para a academia, às compras automaticamente; e fora de si; o presente vai ficando para trás! De momento em momento é que se faz uma vida; é no instante que alguma coisa se faz acontecer; perdeu! Ocasião que não tem volta. Não se deixe levar pela onda, vença-a até chegar à calmaria e desfrute a paz, existe hora para tudo, principalmente para amar.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Eu Amava


Eu amava o amor, eu amava meu homem, meu objeto do desejo.
Eu amava porque era amada.
Eu amava o sol, a chuva, o inverno, o verão.
Eu amava o céu, o mar, eu amava a terra com suas montanhas e verdes num misto de sabor e matizes de cor.
Eu amava meu amigo, meu amante, eu amava meu inimigo.
Eu amava porque era amada.
Eu amava os pássaros, os bichos, meu cachorro.
Eu amava fazer compras, dar presentes, receber também.
Eu amava sonhar, lembrar, esquecer, perdoar!
Eu amava porque era amada.
Eu amava as pessoas, qualquer pessoa, até que uma delas, a que me ensinou a amar “assim”, desertou, deixou de me amar. “Como é possível?” Me indaguei! “O amor não é eterno?” Esse não! Não por si só!
Naufraguei em águas profundas; numa escuridão sem nada enxergar, sem nada para amar. “Estou cega?” Pensei, “a penumbra cobriu o ar? A luz verteu-se em trevas?”.
Não amava porque não era amada!
Perdi contato comigo mesma, procurei a morte, encontrei a vida, conheci o amor, o verdadeiro. O amor que é maior que o próprio significado. Genuíno, contagiante, fiel por excelência, encontrei Jesus. Homem que deu sua vida por amor de mim.
Hoje sei, o amor é doação, não um ego em ebulição.