sábado, 26 de dezembro de 2009

Mordomos


Mordomo, todos sabem, é o cargo de administrador e organizador de bens, casas, mansões de ricos. Hoje, de milionários, afinal é uma profissão meio doméstica que a grande maioria não tem condições financeiras para bancá-la. Então a incluem nas tarefas de outros empregados ou a executam eles mesmos, como acontece num país como o nosso.
Um termo bastante usado em nossos dias é “que mordomia!” É por conta do sumiço dessa inusitada profissão. Quer dizer: “que folga! Quer tudo nas mãos!”. Impossível nesses tempos de vacas magras.
No entanto descobri algo sobre esse serviço em extinção que aguçou minha curiosidade.
Mesmo com poucos exemplares deste ofício sendo remunerados neste mundo de raros ricos e muitos desprovidos, existem milhões “deles” espalhados em nosso planeta. Nós! É, isso mesmo, todos nós somos mordomos, feios, bonitos, abastados ou desvalidos, indistintamente de cor ou raça. Calma, vou explicar, não entre em pânico, não estou te chamando de subalterno ou coisa parecida.
Vamos lá, você é rico? Pobre? Não tem quase nada, ou, o mínimo? Ah! Milionário? Só o que veste? Não importa. Quantos anos você acha que vai viver! Talvez 70 ou 90, Menos? 50, 40, esqueça meu amigo, mesmo que viva 150 anos um dia vai partir para o “além”, e o que vai levar? NADA! Portanto não importa o quanto tenha, nada é verdadeiramente seu, é só um empréstimo, ou melhor, são bens, temporariamente seus. Já pensou nisso?
Se ao morrer levássemos nossos pertences para a outra vida, aí sim, seríamos os legítimos donos, mas como isso não acontece, e tudo fica aqui, ou no máximo herdados pelos parentes mais próximos. O que dá no mesmo. E assim sucessivamente, até o final dos tempos.
Então quando ouvi o pastor nos chamando de “mordomos do Rei”, resolvi passar para frente essa acertada, sábia e maravilhosa informação.
Cara! Somos todos mordomos, administradores dos bens terrenos de um só dono, dAquele que vive e reina das alturas, Deus.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Qual é o seu Gigante?


Há muito e muito tempo atrás, havia um menino. Está parecendo um conto de fadas né? Mas não é não, esse menino de quem vos falo chamava-se David. Ele era franzino, ruivinho e foi dado a lutar com um gigante chamado Golias. Hipoteticamente falando isso seria impossível não é mesmo? Mas a luta se deu e aquele garotinho de aparência frágil e gentil derrotou o gigante armado de espada e escudo, com apenas uma funda e uma pedra nas mãos; rodando, pois, seu instrumento, David lançou a pedra acertando em cheio a testa de seu adversário, que tonto caiu por terra; avançando então sobre ele no chão, David tomou-lhe a espada e o matou livrando seu povo daquele indesejável filisteu e sua tribo que pelejavam contra Israel, o povo de Deus.
Como sabem, esse é um texto bíblico que usei para tocar num ponto comum a todos nós seres humanos, problema! Aqui eu me refiro a ele como gigante porque era isso que aquele rapazinho tinha para resolver; um problema gigante. E o que parecia impossível foi resolvido. Sabem como? Ele teve fé; é ele acreditou que conseguiria vencer tamanho problema, encarou aquela questão difícil de frente sem medo de ser feliz vencendo e livrando a si e a seu povo do ataque adversário.
Então eu lhe pergunto meu caro amigo leitor. Qual o seu gigante? Será que você não o está deixando ser maior do que realmente é? Todos nós temos intempéries e lutas para vencer. Se nós a encararmos como fez nosso amiguinho, com certeza sairemos vencedores. E o que falta para travarmos de frente essa batalha! A fé. A fé num Deus que peleja por nós quando O deixamos agir. A confiança é a base, para ser verdade, o que sempre dizemos, “eu acredito em Deus”. Será mesmo?
Portanto, seja qual for o seu gigante, confie e acredite na vitória declarando diante dele “se Deus é por mim, quem será contra mim!”.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dor


Física, espiritual, psicológica ou real, ela fere, atormenta, maltrata. Penetra o mais fundo do ser, lhe tirando o sossego, a paz.
A flor da pele incomoda.
Na carne, machuca.
Na alma, sufoca. Tira o prazer. A essência do viver.
Nas entranhas a dor mata, aniquila. Até que se cure e volte a viver, sem mácula, sem rancor. E isso só se dá com amor.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Crônica Interativa


Escreva seu nome antes de lê-la.


..................................................., quando o sol nasce e invade seu jardim, vai até sua casa, bate à janela de seu quarto tentando entrar; fechada, se embrenha entre frestas até te acordar. Ele se orgulha de iluminar a mais perfeita criatura, imagem e semelhança do criador! Acaricia sua pele, dá calor, envolve seu corpo anunciando um novo dia.
Cada dia que nasce para nós, é presente, não importa se chove ou faz sol. Deve ser vivido intensamente como se fosse o único, um de cada vez. Tenho certeza, você resgatará em si a essência de ser feliz.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Destino ou Guiada pela fé


Numa maternidade uma mãe procura pelo choro do fruto de seu ventre, mas esse, se calou pelo destino. Virou anjo ao nascer.
Nesse mesmo berçário ouve-se um som, um pequeno gemido que clama pelo seio, pelo colo da mulher que lhe deu a luz. Abandonado, quase lhe secaram as lágrimas.
Quis a fatalidade, de um lado e de outro, unir maternalmente a que perdeu ao filho da outra que se deixou perder.
A adoção se deu. Mãe de coração, de alma, de ligação. Perfeita combinação. Mãe por opção.
Menina bonita cresce. Pele alva como a neve, cabelos negros como a noite. Lábios rubros, olhos inocentes, gestos finos. Ares de princesa. Será? A delicadeza é seu charme, sua natureza.
Com a beleza desabrochada é enganada, iludida. Mãe independente. Filho querido, amado. Avós genuínos. Herança, mesmo fardo da “ligada” pelo sangue, gesto não. É o que se cogita de alguém sem afeto, nem compaixão.
Com ela um rapaz se encanta. Já com o casamento dissolvido e com uma filha do enlace, se unem. A família recheada se estabelece.
Mas a despeito da primeira união dele, essa também padece por falta de harmonia e fé no “comandante” Supremo.
Branca de Neve sofre. Quer o destino vê-la infeliz? Não! Ele não tem direitos sobre a nossa caminhada quando tomamos a própria “direção”. O “sentido” muda, fortalece.
Na junção, que estava enfraquecida, do “meu”, do “seu”, veio o “nosso”. O prumo é restabelecido, firmado, fincado na vertical sem pender com a “Torre de Pizza”.
Nos dias corridos, o terremoto da vida balança, chacoalha a relação, então, no dia seguinte, levantam, reformam, reconstroem, fazem adaptações. Mas só quando a “base” for refeita a construção nunca mais tombará.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ação que Exige Reação


Calçadão. Comprido, cheio de lojas. Movimentado. No centro de uma grande cidade. Um vai, e vem. Pessoas de toda ordem e cor.
No meio, bem no meio, uma faixa, como um corredor. É para cegos. Indicador.
E lá eles passam; todos os dias, com suas bengalas. Ondulados.
De uma loja, uma balconista observa, tem dó, compaixão. E para tristeza e dor, vê um jovem implicando com um fiel passador. Puxa bengala, chuta, empurra. Rouba os óculos, escuros, disfarce. O velhinho se exalta. Embaraçado. Falta amor.
A moça vai em socorro: “o senhor está bem?” Pergunta. “Estou”, responde. Constrangedor.
Virou uma constante do garoto gozador. Os amigos riam. Ponto de ônibus escolar, os pais não estavam lá.
A balconista incomodada resolveu apelar, da mesma forma com ele zoar.
Pegou o rapazinho, vendou seus olhos, e o fez todo o trajeto caminhar. Todo o mundo parou, para assistir ao show. Palmas, assobio, gozação.
Envergonhado, arrependido, ali nunca mais voltou.
Divulgado o tropeço, a justiceira com um vereador conversou. Fez um relatório, uma emenda. Ele aprovou:
Para respeito e ordem: - Ladrão trabalhará na cadeia para pagar o roubo.
- Assassino pagará pensão à família da vítima.
- Corruptos devolverão o dinheiro com juros.
- Espancadores, estupradores, bem, terão o que merecem.
- Caloteiros, pagarão o dobro.
- ....
Enfim, uma reação com justiça.
(Ficção, lógico. Seria melhor se não existisse esse tipo de ação).

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A União Faz a Força

Alta, robusta, engraçada e carismática. Essa era uma grande amiga da faculdade. Três filhos, todos tal qual pai e mãe, corpulentos.
Com a família já definida os dois resolvem que já era hora de “fechar a fábrica”. Ele se dispõe, faz vasectomia. Tranqüilidade, ato sem medo.
Meses após “recolhimento”, minha amiga teve uma notícia pra lá de estranha, estava de “barriga”. Confabulou comigo; assustada, constrangida, “o que ele vai achar disso?”.
Aconselhada a abrir o “jogo”, ela conversa sério com o marido. E o que temia aconteceu. Desconfiança, mau juízo. Pudera! Há de se entender, situação difícil. Mas não era pra tanto! Pediu o divórcio. Nem o médico com o seu “pode acontecer” ajudou.
Tempo sofrido de geração. Largada e apontada, olhares de reprovação. A tristeza não a abateu. Com cabeça erguida deu a luz a uma menina, robusta, “farinha do mesmo saco”, também tal e qual aos pais, ou melhor, a cara do pai.
Envergonhado; perdoado, se reúne aos seus como “grande” família que eram.
A pequenina se desenvolve normalmente até a fase de andar, mas não foi o que sucedeu. Paralisia nos membros inferiores. Nascença. Tudo desabou! Castigo? Culpa? Tensão, acusações, desnorteio! Não levou a nada! Andador, cadeira de rodas.
Orientados e pacíficos, o amor voltou a reinar. Com fé e fisioterapia a chance é grande dela se curar. E isso sim foi o que aconteceu. Agora bonita a andar por aí.

sábado, 7 de novembro de 2009

César

Bonito, esbelto, com saúde, assim ele era. Mas um garoto inconseqüente.
Jovem, a vida toda pela frente, resolveu experimentar essa coisa que chamam de droga. “Com a maconha me dei bem” dizia ele, “flui, eu flutuo com ela. Agora quero cigarro, bebida. Voltar? Nem pensar! Que droga e essa, quero mais!”
Cocaína, heroína, dinheiro para comprar. Assalto; mão armada, gangue, turminha para roubar!
Foi crescendo e aquilo o absorvendo. PCC. Membro, facção criminosa. Sem limite. Virou bandido!
Corroído por dentro, magro, enfraquecido, queria mais!
Sinal vermelho, perigo. Corpo sem forças, cedendo. E ele, queria mais!
Porta de uma igreja, roubo iminente, o pastor tranca seu carro e adentra o templo. Curto circuito na ligação direta. Várias tentativas e o outro meliante alerta, “vamos embora, ele está protegido por Deus”. César, como uma flecha que acerta o alvo, senti o peso da palavra Deus. E Ele o encontrou e tocou no momento certo!
Paranóico, sofrido, assustado, resolveu se dar uma chance; aceitou o convite de visitar a casa de Deus com seus empregadores fiéis a Cristo.
Lá, em meio aos jovens, ainda era tempo. Na bíblia de um membro e novo amigo, a revelação, a descoberta, o caminho para a liberdade e salvação.
Em seu batismo houve uma festa no céu.
Não venceu a guerra, mas a batalha de sua vida, essa ele venceu, e recebeu uma vida nova, Aleluia!!!!!!!!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A TV


Mal necessário? Não devemos chamá-la assim. Como tudo na vida, ela também tem seus prós e contras.
Vejamos alguns prós: entretenimento, diversão, companhia, cultura. Benfeitorias que essa caixa de imagens falantes nos trás através de programas, novelas, shows. Conhecemos o mundo sem sair de casa, apenas com o apertar de um botão. É um grande incentivo à nossa imaginação.
Mas, e os contras: na verdade o aparelho não tem culpa, mas estão sempre exibindo nele, programas indevidos, imagens indecentes, notícias tristes, que não deveriam existir, mas é fato. Divisão na família, quando cada qual com a sua no quarto, aí falta diálogo. Precisamos melhorar essa condição, selecionar.
Qualquer tamanho, qualquer marca, nos trás notícias, ao vivo. Seja do Brasil ou do mundo. Essas que nos fazem tristes ou alegres, como esportes, comemorações. Guerras. Enfim, grandes acontecimentos. Mantêm-nos sempre informados.
Lembro-me quando a vi pela primeira vez, era em branco e preto. Eu era criança, por volta dos 7 anos, cidade pequena. Foi na casa de uma vizinha. Fiquei boquiaberta.
Logo meu pai comprou uma, fomos o terceiro na cidade a possuir uma. “Um cinema em casa”, dizia eu. As imagens não eram boas, os programas se repetiam e sempre saía fora do ar. Mas valia a pena, através dela conhecíamos, ficávamos íntimos de atores, lugares distantes. Tudo ao nosso alcance. Fantástico.
Virava um evento quando a ligávamos. Tanto que era difícil arrumar um lugar para assisti-la. Curiosos, os vizinhos impinhocavam a sala, as janelas e porta. Eu não achava ruim, era divertimento afinal.
Anos mais tarde, chegou a colorida. Sem palavras! Imagens perfeitas, já faziam parte da família.
Atualmente, comum, mas importante. Lugar reservado, e cada dia mais evoluída. Não sei onde vai parar, talvez cheiro, comunicação direta, o futuro revelará.
Ainda há dúvidas desse “mal necessário”, desse aparelho de prós e contras. Contudo, não vivemos sem ela, a TV.

domingo, 1 de novembro de 2009

Guerra Interna

“O Rio de Janeiro continua lindo.....”, será que continua mesmo? Vamos colocar os pingos nos is. Quem nunca ouviu ou falou, “fulano de tal é muito bonito, mas quando se chega perto ou convive, sua beleza se torna supérflua, a expectativa morre”. Ninguém vive de aparências, a beleza não é só para se contemplar, temos que vivê-la, tocá-la, usufruir dela.
É; a natureza foi bem generosa com o Rio, mas nós, seres humanos estamos fazendo o mesmo? Não. Não estamos. Em meio às esculturas naturais, sol, céu azul, verde das matas; o balanço do mar já não encanta tanto. O medo, a revolta, a insegurança esta tomando conta desse lugar, antes palco de paisagens encantadoras. O barulho de tiros, os gritos de pavor, a correria e a falta de sossego estão abrindo passagem e tomando frente ao barulhinho das ondas do mar, os gritinhos e corridinhas pela água gelada.
O Cristo Redentor com seus braços abertos já estão a ponto de fechá-los, e com suas mãos tapar seus ouvidos e olhos por tantos tiros e desassossego. O Pão de Açúcar ficará amargo meio a tanta matança e destruição. O Corcovado se envergará mais e mais até ao chão se prostrar implorando paz. Zona Norte, Zona Sul. Copacabana, Ipanema, Leblon. O que dizer do Maracanã; serão jogos ou arena de gladiadores? Que teremos em fim? Tem a resistência, claro! Mas é preciso mais, mais para amenizar, não, acabar, extinguir tanta violência. Precisamos de todos, mas principalmente de você morador e amante dessa cidade que perderá em breve o título de cidade maravilhosa se não for dado um basta a essa escória de traficantes que promovem com isso o crescimento de favelas e favelados que de inocentes a bandidos; erva daninha que crescem em meio à sociedade mal representada, desvirtuando e tolhendo a vontade própria dos mais fracos e desprovidos. Depende sim de vocês, depende de nós, não se vende onde não se compre, só quando pararmos de consumir é que pararão de produzir, fornecer; essa é a maior arma. Lutem enquanto é tempo. Barra da Tijuca não é refúgio; enfrentar é o melhor abrigo, erradicar é o certo a fazer, essa guerra é interna. E não só de soldados armados em campo de batalha, estamos no meio dela. Bala perdida, bala certeira. População, policiais e bandidos todos perdemos, e na verdade quem ganha é só o inimigo comum, a droga.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Canoa Furada


Jovem. Esperançosa. Uma moça de sítio vai visitar a irmã na cidade. Ao lado, numa loja de tecidos, o gerente, recém viúvo, meia idade, bem de vida, se interessa pela donzela de cabelos negros.
Paquera, olhares. E o encontro. O papo engrena. Namoro. Escondido. Conto de fadas. Ela nem acredita. Sonho. Não quer voltar.
Três meses passados. Apresentado aos parentes. Marca jantar em sua casa. É a vez dela.
Em ponto. Bate à porta. Cheia de graça, entra. Casa boa, empregados, filhos. Filhos? Sim, oito. Esbranquiçada vai ao encontro da nova geração de “Telinhos”. Apelido.
Após o susto. Entrosada. Oito meses de cortejo. Idade da menor. Matrimônio à vista. Que disposição!
Casório, festa. Lua de mel. Fel?
Vida real. Mãe sem dar a luz. Banho, choro, papinha, comida. Quase um time. Pôr para dormir. Coragem! Bom ânimo. Boa vontade! Falta experiência.
Superpopulação. As três mais velhas divididas entre parentes. Auxílio temporal.
A vida indo. Outro herdeiro a caminho. Herdeiro? Do que? Nada sobrou! O chefe da casa, abatido. Diabetes. Perde emprego. Consome reserva. O buraco da canoa fica mais largo.
Bem, nem tudo são flores. Mais um nasce, dez. Ufa! Chega.
Mal controlado, aprumado, o pai ajunta os descendentes.
Filhos agregados, convivência complicada. Circunstância da adesão.
Viúva, os dele rumados, as deles com ela. Duas meninas. Concerto bem feito, benção que não deixou sua canoa afundar.
Descanso afinal.

domingo, 25 de outubro de 2009

Uma Historia de Amor


Júlio era um rapaz bem apessoado, de estatura baixa, mas com pinta de galã, um verdadeiro Dom Juan. Morador de cidade grande, capital, passava férias no interior, outro estado. Conheceu ali uma garota bonita, humilde, de mãe humilde. Ela, criada com conforto, luta, mas em meio à sociedade. Tinha classe, estudo, postura.
Foi um encontro marcado, não por eles, pelo destino. Nascia então um amor, uma paixão, arrebatadora, mas quase platônica, impossível para Tuty e Jú. Naquela época.
Compromissado com outra em sua cidade, a fidelidade falou mais alto, difícil, conhecera o amor de sua vida. Ela esperou, namorou outros. Sem descartar a possibilidade de “aliança” com seu amado.
Em idade de fazer faculdade, ele cursa engenharia no município dela. Torna-se atleta, jogador de handebol, famoso pela beleza e competência. Sorriso cativante, risada marcante, remedada.
Encontros, conversas. Sem acordo. Relação inexplicável, como se fosse divina, intocável.
Ela, moça bonita, corpo escultural, voz sensual, rouquinha por nascença. Marca casamento, moço bonito, menino do Rio. Desmarca, desiste. Sorte lançada.
Muitos anos de namoro, 10, 12, ele casa, com a titular. Filhos adotivos, respeito no lar. A filosofia platônica ainda no ar! Ela também o faz, casa com o filho da casa que sua mãe servia. O tempo abranda, acalma os ânimos.
A titular morre, doença fatal. A chama renasce, reaparece. Ela fica grávida, o marido se alegra, terceira filha, surpresa, o aparelho de evitar falhou. Dom Juan então se une a outra.
E o objeto do desejo, dele, que havia reformado o corpo, volta a reformar, se arrumar, se aprumar.
Mas nosso galã sofre do mal do coração, será de amor? Talvez dos dois. O
marca passo é necessário, mas tudo volta a funcionar.
Ele separa, ela também. Se aprofundam na fé, nos assuntos do Altíssimo, crêem na salvação. Maduros, começam nova relação, como adolescentes, namoro, pedir permissão.
Antes tarde do que nunca. Sem papel, sem documentos, mas o que Deus uniu o homem não “separe”.
A vida é curta, não se deixa para amanhã o que se pode fazer hoje. Celebrem o amor juntos, e que Deus os abençoe.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Infância Roubada


É com palavras rudes que começo a escrever esta crônica; despojo, saque, roubo, é assim que chamo ao que priva uma criança de ser criança.
A infância é a base do que somos ou um dia seremos, mas existem pessoas que ainda não entenderam isso. Colocam para trabalhar suas crianças com seus finos e inexperientes braçinhos, mãos frágeis, instigam-nas a assumirem um sustento de família que não é delas, e muitas vezes o próprio sustento, como se ela tivesse pedido para nascer e agora têm obrigação. É horrível não é! Trabalho forçado, falta de amor, de carinho, de alimento, de escola. Mas quero abordar aqui um assunto ainda mais, ou totalmente indesejável, repugnante, eu diria a pior das formas de se roubar o direito à infância de alguém. Pedofilia. Assédio sexual infantil. A pureza de um “serzinho” inocente, de alma limpa, nunca poderia ser dilacerada como o que acontece quando se sofre esse tipo de assedio.
O assedio em si já é totalmente inaceitável, mas quando isso ocorre em vias de fato é ultrajante. A marca, a culpa que se espalha pelo seu corpinho isento de malícia, não tem remédio, e ela nem sabe por quê! Instinto! Não é sua hora! É uma violência de tão grande natureza que se vê a mão do inimigo aflorar sobre o pedófilo; se esse desalmado tivesse a mínima noção da crueldade de seus atos saberia que é desumano. Mas se deixa levar por esse sentimento malévolo e inconcebível abusando de indefesas criaturinhas. A leviandade dessa atitude é de tal forma insultante que pode desprover de capacidade de amar ou de enfrentar a vida, uma criança. E o que é pior, as estatísticas mostram que o maior número dessa atrocidade é cometida por parentes ou conhecidos das vítimas. É uma vergonha!
Quero deixar aqui meu pesar e minha solidariedade aos que conheceram as obscenidades desses que ferem o pudor contrariando a moral e o comportamento digno de ser humano.
A cada infância roubada perde-se também a alma de alguém, do ser lamentável que a roubou.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um Dia de Borralheira


Uma madame acorda, espreguiça, abre a porta janela de seu quarto, dia ensolarado. Sai à sacada que dá direto pra piscina e diz: “Ah! Passarei a manhã me bronzeando”.
Acorda os filhos, pequenos, 5 e 8 anos. Fazem o desjejum, uma alegria. Mas algo está diferente, ela descobre. A empregada não veio.
“Bem meninos teremos um dia de aventura hoje, já que estamos sós, faremos umas limpezas”, diz ela. Esvaziam gavetas, armários. Muitos papéis, revistas, jornais, uma verdadeira montanha. Então ela tem uma “grande” idéia, “vamos fazer uma fogueira”. Vão para o terreno baldio do lado esquerdo de sua grande casa.
Um divertimento, álcool, fósforo, e o fogo. Temporada de seca fugiu ao controle alastrando, consumindo tudo, a brincadeira e tudo em volta. Aumentando, aumentando. Pânico. Canequinhas de água, mangueira, e nada. A próxima residência? Cerca viva. Solução? Corpo de bombeiros.
Carro vermelho, sirene, jatos de água, Parou a rua, o bairro. Curiosos a bisbilhotar.
Controlada a façanha, o chefe a chama para dar explicações: “Preciso fazer um relatório, a senhora pode me contar como tudo começou? O que aconteceu? Por favor?”.
A madame com os filhos a tira-colo conta: “Bem, meu filho mais velho, coitadinho pôs fogo sem querer num papel e não cons...”, “espere aí mamãe, não fui eu, foi...” corta o garoto, mas ela tapou sua boca e continuou, “como eu ia dizendo, não conseguimos controlar, não teve outra saída se não acioná-los”. “Obrigado”, diz ele, “assine aqui, por favor”, “pois não”, ela assina e agradece.
O homem de uniforme se abaixa e diz para o rapazinho coincidentemente com a caixa de fósforos na mão: “Cuidado, crianças não devem brincar com fogo”, ele faz menção de falar, mas sua mãe o interrompe de novo, “obrigada senhor, tenha um bom dia”. O pequeno levou a culpa e uma bronca.
Ao entrarem em casa foi um choque, o caos havia se instalado ali, queimada por todos os lados. A mulher desnorteada fecha as portas e janelas e diz: “vou limpar só aqui dentro”, e o moleque, “espere aí mãe, porque eu levei toda a culpa?”. “Olha meu filhinho”, diz ela, “se eu contasse a verdade poderia ser presa, mas como você é criança, no máximo uma advertência, entendeu?” “Não”, responde ele insatisfeito com a explicação e pensando, “é, mas o papai vai saber a verdade”.
Mais tarde, com o espanador de pó nas mãos ela limpa o preto dos móveis, desajeitada acerta a lâmpada do spot do lavabo, cacos por todos os lados. Nervosa, atende ao telefone que teimava em tocar quando o filho mais velho grita “mãe, mãe, vem aqui”, ela, “estou cansada, não quero saber de nada”, ele continuava a berrar. Ela de conversa nem deu ouvidos. “Está bem, então não vou contar que o leite derramou e está sujando todo o fogão”, ela corre até a cozinha, era uma tragédia, tudo queimado.
Chorando, a borralheira pega os dois filhos, tranca a casa, entra no carro e vai tomar sol e passar o resto do dia na casa de sua irmã pensando, “quem mandou ela faltar, que se vire amanhã”.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Uma Noite Fria


Eram 19h00min, uma noite fria de um inverno rigoroso de nossa cidade, meu marido e eu, íamos ao supermercado, a pé, conversando, quase que passeando, não era longe de casa. Ao falar, nossas bocas pareciam chaminés exalando fumaça de algo a cozinhar. Encontro do ar quente do corpo com o sereno.
Andávamos calmamente. Na porta do nosso destino, bem a nossa frente estacionou uma Mercedes. Linda. Preta, o modelo daquele carro? Nem sei dizer. Um luxo. Ficamos admirando por uns instantes até que sentimos um cheiro ruim forte de lixo. Olhamos para trás, havia uma família. Pai, mãe e três filhos revirando os cestos, os sacos. Catadores, sobreviventes. Material reciclável. Vender para comer.
Espalhavam tudo pelo chão, para separar. Tapamos o nariz, odor insuportável. “Deviam usar luvas e máscaras”, comentou meu marido.
Era a classe alta de um lado, a baixa do outro, e nós, a média, no meio, assistindo o horror e o espetacular.
Temos uns amigos que falam que o Brasil é uma “Belíndia”, mistura de Bélgica com Índia. E é verdade, aqui se vai de céu a inferno num só passeio.
A elite saiu do supermercado com garrafas e pacotes recheados de guloseimas, das melhores. Entraram no veículo confortável; ar condicionado, e seguiu, provavelmente para uma mansão.
A plebe, os inclusos, saiu com garrafas vazias, pacotes, restos maus cheirosos, numa carroça de duas rodas, puxada por eles mesmos para seu barraco, no subúrbio provavelmente.
Nós dois ficamos ali, estagnados com o disparate que acabávamos de presenciar. Quase congelados, seguimos em frente, nem fizemos compras. Continuamos andando, soltando fumaçinhas pela boca a conversar sobre o acontecido, “qual será a próxima cena que veremos”, desejando que aquela fosse apenas parte de um filme, de ficção.

sábado, 10 de outubro de 2009

Dia das Crianças - Neverland


Que bom que seria se o mundo fosse como na “Terra do Nunca”, onde se é criança para sempre. Lugar esse que só se brinca e a ingenuidade impera; a festa rola e o divertimento é estabelecido. Quem ainda não sonhou ser como “Peter Pan”; ter uma fada sininho que te jogasse um pozinho mágico e te fizesse voar! Realmente seu mentor viajou no mais puro dos sonhos. Morar num lugar maravilhoso, se locomover pelo ar e na maior facilidade; está certo que nem tudo são flores; Capitão Gancho e seus comparsas, e, pensando bem, alguém teria que crescer para tomar conta dos pequeninos não é?
È, ser criança para sempre seria lindo, mas certamente complicado, é a fase mais linda e despreocupada de todas da vida, mas como todas elas, vai passar, então deixemos as crianças serem crianças, aproveitar; correr, pular, se sujar, imaginar! A imaginação é o ponto alto de quando se é infantil. Sonhamos ter, ser príncipes e princesas, temos muitos amigos, reais e alguns, digamos assim: imaginários! Nas balas, chocolates, doces e chicletes vemos as delicias da vida, se pudéssemos nadaríamos numa piscina cheia delas. Piscina! Só os olhos ardendo, as mãos enrugadas nos faz sair dela. Mas só os adultos nos fazem ver isso. Adultos! Cá estão eles de novo. Na verdade o papai é nosso herói, a mamãe nossa protetora, os tios, dão presentes, os avós, ah! Os avós, com eles podemos tudo!!!!! Certo e errado! Incumbência dos pais!
Para elas o mundo é diversão e viemos para cá à passeio, Mc, coca-cola, parques, bola ou boneca, o mundo é uma fantasia, e quando começamos a perdê-la, parece que estamos em outro planeta, é, “Nerverland” parecer ser mesmo só “never”. Mas não importa enquanto estivermos nela é porque ainda somos crianças! Depois de tudo isso como não acreditar em Papai do céu!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

SHOFAR


Curitiba. Um domingo frio, eu diria, congelado; típico dela mesma. A chuva não dava trégua, insistia em descer como se quisesse limpar, lavar a poeira do ar e a incrustada na vida dos humanos. Mas nada, nada me impede de me juntar ao povo de Deus e assim formarmos a igreja; chuva, frio; desconforto.
Dezenove e trinta; agasalhada, caminhei para o templo, fui ver o Senhor enche-lo com Sua glória.
Entra um, entra outro e os bancos aos poucos sendo ocupados. A esposa do pastor me cumprimentou dizendo, “paz, Denise. Sabe, procuro sempre ocupar o lugar no banco detrás de você, me comovo ao te ver louvar ao Senhor”. Eu respondi, “nasci para louvar e adorar a Deus”. Deus me ouviu!
Dá-se início ao culto, e o motivo do meu viver alegrou meu coração. A banda tocava, os ministros cantavam em meio ao louvor e adoração. Como a chuva lá fora, as gotas escorriam pelo meu rosto; lágrimas de um coração quebrantado e contrito. Fechei os olhos e me entreguei nos braços do Pai.
Sem saber do presente que os líderes haviam preparado para a igreja, ouvi um som, maravilhoso, era como se uma trombeta anunciasse a abertura dos portões celestiais, foi o que eu vi; um grande, um enorme portão cravado de pedras preciosas e anjos, serafins e querubins ornando a entrada. Era o shofar, aquele som chamava o povo de Deus a ceiar com Ele, a entrar no magnífico palácio celestial; a multidão caminhava como se andasse em nuvens, adentrando o paraíso com júbilo e graça cedida a nós por Deus; Jesus.
Ao cessar do som; realidade! Me vi obrigada a descerrar os olhos. Mas sei, aquela visão era mais real do que a própria realidade.
Vou esperar com paciência!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Deny, a História de Uma Vida - O Milagre


Tarde quente, fevereiro de 1958, Sul de Minas Gerais. Uma mulher grávida sentiu-se mal, chamou o marido e disse, “está na hora”, “será?”, responde ele, “os meses não se completaram ainda!”. Mesmo assim a levou para a maternidade.
O médico fez o parto; natural, prematuro, difícil. A criança nasceu e ele disse, “é menina, o cordão umbilical estava amarrado ao pescoço, não sobreviveu, não respira e já está de cor arroxeada”. A mãe a viu, a abraçou junto ao peito e pensou, “tão magrinha, tão pequenina, virou anjinho!”.
Sem esperanças, batizam-na rapidamente com o nome de uma santa e a deixam na estufa enquanto o pai tomou as providências. Triste espera.
O desalento é geral. De repente uma enfermeira gritou, “está viva! Ela voltou, ela está respirando”.
Naquele momento eu verdadeiramente nascia, via pela primeira vez a luz do dia e o milagre da vida. Acho que tive permissão para ficar, ou voltar, porque teria muita coisa a fazer e viver por aqui. Meus pais me deram nome composto com o que fora dado na aflição, mas chamavam-me carinhosamente “Deny”. Embora já tivessem alguns filhos e minha mãe ter saúde debilitada, vieram a ter muitos outros após meu nascimento.
Ainda bebê, a empresa em que meu pai trabalhava o transferiu para o norte do mesmo estado. Promoção, gerência. Rede de lojas famosa do país. Nos mudamos, e eu? Bem nem percebia as coisas acontecerem ao meu redor, era amada e protegida, de aparência frágil, mas viria a ter uma vida intensa, cheia de alegrias, tristezas e muitas aventuras.
Começa assim e aqui a história de uma vida.

sábado, 3 de outubro de 2009

O advogado


No silêncio, vê e revê os processos e anotações feitas. Não quer errar. Testemunhas de acusação e defesa ouvidas. Sua mente repassa sem cessar as conclusões finais. Lá fora a chuva cai e respinga o vidro cortando-lhe a seqüência da revisão. “É tarde” pensa ele. Convicto e confiante, dorme.
É hora. “Todos em pé”, ordena o meirinho. O juiz toma seu lugar. E tudo recomeça como dia após dia. O promotor faz sua declaração. A “vítima” teve seu fim. O réu está em suas mãos, a defesa, o advogado.
Suspense. Ele começa: “No aconchego do lar“, olha para os jurados. “Imaginem, está a família, trocando fatos do dia. Alguém entra quebrando o vidro e o sagrado. Ao invadir, rende a todos, rouba, machuca. Fere os sentimentos e o orgulho. Com pensamentos em conflito pela gravidade da situação. O pai, o marido, em um relance de oportunidade, sai em defesa da honra. Pega um revolver, e jaz um corpo no chão. O meliante não desferiu ninguém com arma, mas atingiu o coração daquele homem”. Aponta para o réu. “Ao tirar sua privacidade”. Silêncio.
“Sem mais, lhes pergunto: o que fariam?” Vai se sentar finalizando.
A mãe da “vítima” chora. A do réu ora. Todos esperam. O resultado vem. E de novo, todos em pé. A sentença é lida: “consideramos legítima defesa, inocente”. Ouvem-se gritos de dor e alegria.
Ele, satisfeito pensa: “a justiça do homem foi feita, como será a de
Deus?”

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Dançarina


O dom é uma dádiva na qual se nasce. Muitos levam tempos para descobrir, outros, logo nos primeiros anos de vida se percebe. Na maioria das vezes não basta ter uma queda para tal coisa, devemos estudar para desenvolvê-la.
Eu por exemplo nasci para dançar. Ela pra mim é música aos ouvidos de quem ouvi. Na verdade uma faz parte da outra, complemento entende? A expressão corporal e as batidas dos instrumentos se mesclam ao ritmo de meu coração, não há um só que não consiga acompanhar.
Aos 7 anos já era admirada. Dançava em casas, palcos de cinema; era um show. As pessoas escolhiam músicas, ritmos, queriam entender aqueles movimentos tão facilmente dominados por mim.
Faziam filas, marcavam hora. Aulas de salão. “Prodígio?”, perguntavam. Talvez não, cada um deve procurar sua vocação. Eu encontrei a minha.
Loirinha, magrinha, mas rebolava um samba como ninguém, poderia ter sido “Mulata do Sargentele”, ou melhor, “Loirinha do Sargentele”. “Nunca vi branco sambar assim”, é o que diziam. Fui convidada para sair nas escolas do Rio, não fui claro, mas, nas da minha pequena cidade, fui sem pensar.
Rainha do carnaval! Quase aceitei participar do concurso, mas acabei ensinando o segredo a uma irmã, ela foi em meu lugar. Vencedora!
Em bailes era disputada. Ouvi muitos dizerem, “onde está o controle, tira a pilha dela”. Todos queriam sentir o sabor daqueles pés de valsa.
Em festas típicas, parecia contratada, era dança espanhola, rock, lenta, pagode, rumba. Batiam palmas, me convidavam para me apresentar em frente ás mesas. Meu namorado, agora marido, ficava bravo, ciúmes, mas quem conseguia me segurar, estava no sangue.
Assim passei grande parte da minha vida, dançando, literalmente, mexendo e remexendo. Ginástica rítmica, jazz, aeróbica, anos de academia, tudo que sacudia, eu estava lá.
Os anos se passaram, e a natureza não perdoa, envelhece, suga suas forças. Me exercito até hoje, com moderação, mas descobri um meio de continuar com meu dom sem perder o embalo. Faço agora o que chamo de a “dança das letras”. Acredito que muitas vezes uma vocação puxa a outra. Escrevo com a mesma satisfação que outrora dedicava a minha maior paixão. Só não consegui bailar o que para mim é indescritível, o balé clássico. Lago dos Cisnes, sem palavras!
No entanto ao me entregar às “letras”, tirei do coração essa mágoa. Escrevo crônicas como podem ver. E agora pertenço a esse “corpo de balé”, porque hoje “elas” são a minha dança clássica, minha satisfação, minha nova paixão. Descubra a sua!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O Sexto Sentido

Visão, audição, olfato, paladar, tato. Esses são os cinco sentidos do ser humano. Em ordem de importância, em minha opinião.
Visão. O mais belo. Além de com ele contemplarmos tudo a nossa volta, ele ainda tem um outro significado. O de enxergar além. O subjetivo, que não tem matéria, o saber.
Audição. É a percepção do mundo ao nosso redor, é diferenciar sons, é se extasiar com a música, é ouvir um filho dizer, papai, mamãe. Sem ele viveríamos num vácuo, como perdidos no espaço.
Olfato. É cheiro, aroma. Flores, comida. É acariciar o corpo com fragrância.
Paladar. É um sentido, eu diria: gostoso. É deliciar, alimentar com prazer.
Tato. É distinguir a matéria, é toque, afago. É o que faz o cego enxergar, voltar ao primeiro.
Agora vem o que chamo de o sexto sentido:
Sentimento. Vem de dentro, do coração. Com ele expressamos amor e ódio. Almas gêmeas, direções opostas.
O amor constrói, uni, edifica. É amizade, doação. Do outro, entende-se o contrário.
Devíamos fazer uso apenas de um lado desse último “sentido”. Se usarmos e abusarmos dele, com certeza abafará o outro.
É para ele e por ele que fomos criados, que nascemos. O maior de todos: o amor.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Jardineiro


As cores e os vários tons do verde saem das sombras devagar com o raiar do sol. Ao se encantar com isso, ele conversa com as plantas: “É preciso podar você legustinho. Tudo bem cheflera não dá pra te esquecer. Ah! Dessa areca, tirar os lagartos. Molhar mais as samambaias. Hum! Fazer um desenho com seus ramos, Sr. ficos”. Passeia, olha, continua a prosear: “está uma beleza. Vejo que ao brilhar, esses pingos parecem de ouro. Vou te cuidar. Opa! Pois não Sr. cróton. Sim, sei. Serão tiradas as folhas que já perderam o viço”. Então nota que uma gota de orvalho pesa a pétala aveludada da rosa vermelha e respinga o chão. Faz-lhe um carinho encantado com a beleza que tão suave perfume exala. Viaja na imaginação: “é como um paraíso florido e merecedor”. Passa horas a olhá-las.
Caminha. Vê a grama respingada do sereno, que acorda espreguiçando umas nas outras incomodadas com as formigas. Essas que lhes fazem cócegas ao trabalhar. Fala com elas, “bem talvez precise te aparar, calma! Será com o carinho que merece”.
Senta à beira da piscina admirando o balouçar dos galhos com a brisa da manhã. Pra lá, pra cá.
Se orgulha do jardim que enfeita e dá vida à casa.
Um barulho o desperta do momento mágico. “Olá”, diz a empregada ao chegar para o serviço. “O Sr. precisa de algo? “Não, obrigado”, responde ele. Olha para o relógio: “Já é hora, preciso trabalhar”. Levanta. Escuta: “Bom dia Sr. Generoso, quando acabar, bata o portão ao sair”. Fala a madame deixando a casa.
Ele vai até a bicicleta, pega as ferramentas e começa a jornada. É a realidade.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

MICHAEL JACKSON


A poucos dias de retornar aos palcos para sua nova temporada, Michael Jackson sai de cena. Na verdade não sei se ele desceu do palco ou voltou de vez. Longe dos holofotes há alguns anos, preparava-se para ser, de novo, o centro das atenções. Mas não podemos dizer que o destino não quis assim, (ele também deu uma mãozinha). Com sua morte anunciada, a comoção foi geral, e o mundo virou seus olhos para ele; o cantor, o dançarino, o cara que fez da música seu meio de comunicação, protestos, reivindicações e união de negros e brancos. O “POP”, sua marca, revolucionou gerações, fê-lo até ser chamado rei.
Pop star excêntrico, era amigo de todas as celebridades, não seguia nenhum padrão, regras? Só as próprias. Todos o queriam. Foi casado, separou, fez filhos, ou; fizeram para ele! Não importa, foi pai para eles.
Aos 50 anos, MJ deixa seu legado cheio de controvérsia, como se, “falem bem, falem mal, mas falem de mim”, é o que todos fazem. Realmente foi polêmico. Amado, talvez odiado; mas gente, ele foi só um homem, ou melhor, uma criança gritando ao mundo “quero colo”, que teimava não crescer. Neverland. E como todo ser humano, com erros e acertos; mas ouso dizer, mais acertos! Ele com certeza enfeitou a terra com sua arte, sua várias “faces”, loucuras a parte.
Do “Jackson Five” só lhe restou traumas, assim o Jackson, “son” que deu certo. “Ben” 1972 ainda uma criança, “Thriller” 1982 seu auge, o álbum que deu início a “Jacksonmania”, todos queriam dançar como ele, vestir como ele. Com seu próprio estilo de dançar levou seu público a loucura com o “moonwalk”. “Bad” 1987 , “Invincible” 2001 mundo afora mas já estava muito mudado e cheio de manias. E aí só esquisitices como qualquer gênio já vivido nessa terra.
Hoje, deixa seus fãs, sua “família”, seus “filhos” e o mundo da música meio órfãos com sua breve retirada. Para ele não tem volta, para nós tudo que realizou; ele é inesquecível mesmo. Esperei seu enterro para falar dele, precisava ter certeza, vai que “Michael Jackson não morreu”! Mas como uma estrela que morre seu brilho ainda continuará por um longo tempo entre nós.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A dona de Casa


É noite. Ela cansada do trabalho doméstico, faz o jantar, após o que coloca os filhos para dormir sem prestar-lhes muita atenção.
Mais tarde seu marido chega. Bêbado como conseqüência de um “happy hour” com os amigos, após o trabalho valorizado e remunerado, entra e praticamente sem olhar para ela diz: “boa noite”. Toma um banho, vai para cama descansar e logo já está roncando.
Então, desiludida, ao trancar a casa, olha longamente a lua pela janela e suspira fundo.
Cansada da rotina do dia, como sempre estafante, sem valor e muito menos remunerado, fica sonhando acordada à espera de um milagre! Seu pensamento voa .... “Olá!!! Dona Maria!!! Ficamos sabendo que a Sra. é muito eficaz, inteligente e viemos
conferir. Uau! Que casa limpa e arrumada! Louças e roupas em ordem. Que crianças bem cuidadas. Parabéns!
E agora que já constatamos isso, queríamos convidá-la para trabalhar em nossa empresa. É muito eficaz para cuidar apenas de casa e de crianças”.
“Conosco ganhará bastante dinheiro”, continuam eles, “viajará, será reconhecida, irá bem arrumada a grandes festas, todos a elogiarão e ...”.
Em meio a seus devaneios de querer ser o que não era, escuta um choro. É seu filho. Olha para o marido que ressonando se vira para o outro lado. Levanta rapidamente e vai cuidar da criança carinhosamente até que lhe passe a dor e a febre. Acordado e melhor o menino a abraça e diz: “obrigado mamãe, eu te amo”. Torna a dormir.
Volta para a cama lembrando de seus sonhos loucos e pensa, “meu Deus, e se eu não tivesse aqui!!!
O dia está quase amanhecendo, dorme um pouquinho e logo levanta preocupada com o filho. Vai até seu quarto e vê que ele dorme serenamente. Verifica os outros. Estão todos bem.
Vai até a cozinha, abre a janela e seu rosto é acariciado pela brisa fresca e iluminado pelos raios do sol que já desponta.
Está feliz por estar ali.
Faz um bolo, arruma a mesa e vai até seu quarto. Acorda o marido com um beijo e diz: “Bom dia meu bem, está na hora de trabalharmos”. Ele a olha sem entender, levanta e vê uma linda mesa de café da manhã. “O que aconteceu com você esta noite?” Ironiza ele. “Viu passarinho verde?”
Sem se abalar ela responde: “Melhor que isso, descobri esta noite que sou útil, importante e de grande valor para a sociedade. Sei agora que só o amor une e forma elos na família, e se cada “dona de casa” formar o seu, faremos uma grande corrente de amor”.
Ela pára, olha para ele calmamente e diz: “Vem comigo. Dê-me a mão para formarmos o nosso elo e iniciarmos essa corrente. Só então faremos deste mundo um lugar melhor”.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Vacine-se, é de Graça

Gripe suína, gripe A; estamos vivendo hoje, ano de 2009, dentre muitos problemas, essa epidemia, ou melhor, essa pandemia, que é a disseminação no mundo inteiro dessa Influenza A (H1N1) que vem matado crianças, jovens por todo lado, e se não for criada logo a vacina ela progressiva e indiscriminadamente matará milhões de pessoas mundo afora.
A vacina contra essa doença ainda não foi criada, bem sabemos, portanto, baseada nessa trajetória, que ainda de pequena proporção, mas que pode se tornar enorme, que um jovem da minha igreja fez uma pregação com esse título e agora eu repasso a vocês.
Infelizmente essa dose não está pronta e não chegará a tempo para muitas pessoas, mas então o que quer dizer esse título? O mundo está aí, a vida está aí, mostrando a confusão em que nos metemos; terremotos, tsunamis, doenças, violência; falta de amor! O caos, se ainda não; já está se instalando, é triste constatar, mas é iminente o fim de tudo. Não cuidamos devidamente de nada; do convívio entre nós mesmos, nem do convívio com essa terra que nos recebeu de braços abertos nos acolhendo com sua fertilidade, abundância de alimentos e maravilhas; é só parar e olhar a nossa volta. E o nosso criador, nosso Deus e Senhor, não por vontade própria, já sabia de tudo, e mesmo nos deixando escrito; não nos intimidamos, não aprendemos a lição, fomos em frente com nossa destruição e estamos tornando nosso planeta inabitável. É, ele está reclamando, gritando alto. Sofre ele, sofremos nós!
E agora caro leitor que as escrituras estão se cumprindo, o que nos resta? Nos resta procurar saber, em meio toda essa revolta proclamada, onde está nossa salvação. Não tem outra solução, meus queridos, devemos reagir e procurar a única vacina que está e sempre esteve disponível contra todo esse mal, Jesus.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O Jardim das Rosas


Eu morava ali, bem em frente a ele. Lindo, bem cuidado, sempre podado. Trazia encanto e beleza ao redor das passarelas. Eram rosas, apenas rosas, de todas as cores.
Crianças e adultos se deliciavam de tão doce e suave perfume. Suas pétalas vermelhas, brancas, amarelas, eram como veludo a desabrochar.
Sr. João. Há! Sr. João. Idoso, viúvo, lembro-me bem dele. Vinha todos os dias visitá-las. Tinha seu lugar. Num banco, sozinho, afastado. Sempre pronto a lhes cuidar. Mas com uma rosa, rosa pareciam conversar.
A seu lado um vazio, um vento frio e sem alma. Espaço que outrora sua amada vinha ocupar.
Jardineiro, apaixonado, esse jardim ajudara a formar. E sua rosa, rosa, ainda a cultivar.
Ele as olhava, acariciava, mas aquela era especial. Morria, renascia. Proteção total.
Com andar triste ali chegava, logo se iluminava. Horas de chamego e companhia.
Curiosa, o vi se afastar. Fui lá para de perto pesquisar. Radiante, ofuscante, ela era de se admirar. Amigos, eram como um par. Ansiosa a lhe esperar.
Idade avançada, a morte chegou. Sr. João partiu, e ela ali deixou.
Com pesar fui para lhe arrancar. Em seu leito a deitar.
Para meu espanto ao invés de 1, 2 rosas estavam a brotar.
Floresceram juntos. Ele voltara para seu lar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

África dos meus Sonhos

Continente exuberante. De grandes civilizações. Inteligentes, desenvolvidos. Egito. Faraós, Cleópatra. Rio Nilo, rio abundante. Desertos, Saara. Beleza, oásis. Montes grandiosos. De monumentos, antiguidades magníficas. Enorme.
Com fauna exclusiva, savanas, flora primitiva. Solo rico. Hoje, povo pobre. Rico em etnias com má distribuição, pouca exploração. Guerras, conflitos, fome, doenças.
Como nos desertos. Calor de dia, frio à noite. Hoje diferente. Muitos países. Saturação. Excesso de população.
Um dia na escravidão, vendidos a revelia, povo bonito, forte, maioria negra. Mandela. Nomes que procuraram solução.
Mas miséria, desolação, devastação, toma conta dessa imensidão. Mulheres enfeitadas por cima da pele, sofridas pela má situação. Crianças morrendo de inanição.
Andam de um lado a outro. Migração. Nômades à procura de uma razão. Muçulmanos, cristãos. À espera de salvação.
Quizera Deus que voltasse a potência de outrora. Se fazer valer da grandeza de ser chamada: “África, o berço da humanidade”.

sábado, 15 de agosto de 2009

Ser e Estar


Poucas coisas nesse mundo têm a benção de “ser”. Por quê? Por que tudo é passageiro, e a maioria das coisas que pensamos que “são”, deixarão de “ser” tão logo o tempo passe. Por exemplo: “minha casa “é” nova”, daqui algum tempo, ela deixará de “ser”, então na verdade ela “está” nova. O estado de “ser” é uma expressão permanente, e “estar” dá idéia de transitório. “Como você é bonita”, ou “como você está bonita”. Se você é bonita, é a toda hora, e se você está é porque não está a toda hora! Uma fruta está verde hoje, madura amanhã. Plantamos uma semente, ela logo se transformará em árvore, que vai envelhecer e morrer. E por aí vai; um carro novo, sucata; roupa nova, velha.....
Em objeção ao mundo físico, o subjetivo chega a “ser” mais do que “está”, mas nem tanto, hoje estou apaixonado, amanhã posso não estar, em contra partida, “àquele grupo musical “é” bom e vai continuar, mas vamos combinar, são poucas as coisas da vida que têm a condição de “ser”.
Mas porque estou falando tudo isso! Eu tenho dois filhos, hoje estão jovens; porque “estão”, porque não o serão sempre, como uma dia foram bebês, crianças, adolescentes e o deixaram de ser. Eu nunca deixei que eles se esquecessem disso.
Na fase da adolescência e juventude surgem muitos problemas por causa desse quesito, “ser e estar”. Fase esta em que se acredita ter o poder, achando ser onipresente, onisciente, onipotente; então podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo, sabem tudo e podem tudo, com isso enfrentam tudo, e muitos morrem por esse “tudo”. Só quando tivermos total consciência do “ser e estar” é que vamos realmente entender e mudar o nosso e o futuro dos que “estão “ hoje na condição de adolescentes, jovens. Podemos e devemos sim viver o presente, mas com discernimento e sabedoria de enxergar o que vem pela frente, a condição de estar adolescente e jovem passa mais rápida do que se imagina, é a mais efêmera e perigosa delas. Por isso nós que já passamos por elas, é, acreditem, nós também já fomos jovens, inacreditável para vocês não é? Pois é esse é um dos maiores problemas vocês acham que só vocês o “são”, aliás, nem o “são, “estão” e isso vai passar para vocês também, como passou para nós e espera-se mais respeito e obediência com os que já viveram essa época linda mas desajustada se não observada de perto. Viu pais!
Sobretudo queremos que vocês que acha que “são” hoje, “estejam” amanhã, mesmo que velhos, mas sem sucumbirem à fantasia de “ser”.
Só Deus pode verdadeiramente “SER”, nós só estamos, em estado e de passagem por aqui.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Anti - Horário


Num fim de semana de, quero ficar em casa, refletir, descansar o corpo e a mente; assisti a um filme mega interessante. Um relógio bem grande fora construído para contar horas numa estação de trem inaugurada por volta de 1918, só que seu construtor o colocou para trabalhar ao contrário, portanto no sentido anti-horário, é, como se o tempo retrocedesse e não contasse para frente. Aquilo mexeu com meus já declarados devaneios daquele fim de semana. Foi então que perguntei ao meu marido, “se lhe fosse oferecido, agora, voltar 20 anos de sua vida, assim, apenas você, ficar mais jovem e começar tudo de novo, você e suas escolhas, o que faria...
Na verdade não foi assim que aconteceu no filme, mas me arremeti em pensamento nessa aventura, utópica, claro! Eh! É intrigante, até tentador, eu diria neh! Mas você meu caro leitor, cá “entre nós”, o quanto acertada está sua vida a ponto de aceitar uma proposta dessas! Todos temos encontros e desencontros, isso é certo, mas vamos lá! Pense em sua relação com seus familiares, no trabalho, saúde, enfim, em tudo que engloba sua vida e em tudo que já conquistou até agora; mesmo que não estivesse com “esse” tudo em cima, arriscaria tudo para ser jovem outra vez? No que isso implicaria! Agora quero que cada um de vocês se coloque nesse lugar, de 20 anos atrás ou sei lá, depende da idade a que se está. Seus amigos, sua história. Acho que é arriscar demais né? Não tem preço o convívio, o amor a que já se conquistou; cada um de nós tem suas nuances ou, diferenças, não se deve mudar ou discordar de nossa trajetória. Viva o aqui e o agora.
Ah! A resposta do meu marido?
“Não. Meu caminho está traçado ao lado dos que amo”.
Resposta certa!



sexta-feira, 3 de julho de 2009

Imensidão Azul


Poderia falar aqui, do mar, mas ele muda de cor, de humor. Ou então de olhos, mas também furta-cor, dependem do tempo, do calor.
Quero falar do céu, de planetas, astros e estrelas: ascendentes ou cadentes. Têm anéis, lindos cometas. Poeira cósmica. È o espaço sideral. Imenso, fenomenal.
Fica dia, fica noite, trás luz, trás escuridão. Sol, lua. Nuvens? Chuva? Está acima, intacto. Limpo, nos proporciona momentos de visões inesquecíveis.
E nesse infinito azul, Deus está, em algum lugar. Observando, vendo, sabendo, selecionando, escolhendo.
Abaixo da estratosfera, na atmosfera, a terra, um pontinho nesse mar sem fim, e nesse pontinho, um grãozinho de areia, nós. Seres humanos, tão pequenos, mas tão significantes para o observador.
É, mas também nesse cosmos de incontestável beleza tem um monstro, um monstro devorador: “O Buraco Negro”. Sugando, engolindo, consumindo e queimando tudo ao seu redor. O outro lado não se vê. Outra dimensão? Ordens do Criador? Mistério!
“A morte e o inferno foram jogados no lago de fogo. (Este lago é a segunda morte). Quem não tinha seu nome escrito no livro da vida foi jogado no lago de fogo”. Ap.-20:14.
Se “é” nele eu não sei, mas sabemos que serão consumidos assim, os transgressores.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Piu-Piu


Meu pai era um homem muito engraçado, gostava de fazer palhaçadas ou nos dar presentes diferentes, até divertidos. Fazia piada com tudo. Minha quinta irmã, Mara, era bem gordinha, ele a beliscava toda hora, e eu morria de vontade de participar da brincadeira, mas dizia, “beliscar osso não em jeito!” E ria, eu era bem magrinha.
Uma vez ele chegou em casa com um monte de pintinhos, filhotinho amarelinhos chocados pela galinha, era para criarmos no quintal. Costume de interior. Vendia-se na rua mesmo.
Foi uma festa, peguei um para mim. Ele era adorável, lindo, uma delicia de acariciar. Nos tornamos bons amigos. Seu nome? Piu-Piu.
Quando os que estavam no criadouro iam para a morte, eu chorava dizendo, “o meu Piu-Piu ninguém mata!”. E os coitadinhos não morriam, minha madrasta dizia, “tirem essa menina daqui, ela atrapalha”.
Em pouco tempo o pintinho virou franguinho, quando ia para a escola, ele me seguia rua afora, eu gritava, ordenava com dedinho esticado e dor no coração, “volte para casa”, mas o bichinho de penas não obedecia, só queria ficar perto de mim, a recíproca era verdadeira, mas tinha meu compromisso.
Obrigada a colocar-lhe coleira, comecei a trata-lo como cachorro, e ele se achava! Era o tal. Passeava pelas ruas puxado-o pela cordinha, hilário. Chamava atenção, todos paravam para assistir a cena e ver a dupla.
Realmente nos tornamos inseparáveis. Ficávamos juntos todo o meu tempo disponível.
Num sábado, visitava uma amiga pela manhã, ao chegar em casa para o almoço me deparei com a família já reunida à mesa. Pedi desculpas pelo atraso e fui dizendo, “que cheiro delicioso, estou morrendo de fome”, sentei e comi até me fartar.
Ainda estávamos a conversar à mesa quando minha madrasta disse, “gostou Deny?”, e eu, “estava ótimo, uma delícia mesmo”, e ela, “que bom que gostou, porque era o seu Piu-Piu”. “Meu Deus”, disse eu, “comi meu melhor amigo!”, fui ao banheiro e vomitei tudo, até o último pedaço, pois sentia a sensação de traição me remoendo por dentro. Foi muito difícil agüentar a culpa.
Mais tarde vim, a saber, que nossa situação financeira não estava boa, meu pai tinha sido demitido havia algum tempo e com a saúde debilitada não conseguira arrumar outro emprego, portanto estávamos sem dinheiro.
A façanha de meus pais me feriu, senti saudades do meu amiguinho, mas deixei pra lá ao refletir, “não tem problema, os frangos foram feitos para isso mesmo, não é? Para nos alimentar! Talvez um dia ganhe um cachorrinho”. Foi só para me consolar, que remédio!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Procura-se


Procura-se:

“Um olhar”
“Um sorriso”
“Um carinho, um gesto, um toque”.
“Uma alma, um coração”.
“Talvez eu os tenha perdido. Escondido. Deixado em algum lugar”. “Não sei!”.
“Procura-se desesperadamente, ajude-me a me encontrar. Só assim”,
“A mim, a felicidade pode voltar”.
Este é um pedido de alguém, escrito na coluna de achados e perdidos de um jornal.


domingo, 17 de maio de 2009

Marcas do Tempo


Por volta dos 25 anos começam aparecer. Cedo. Finas. Vão se instalando. Em paralelo. Linhas. Logo abaixo dos olhos, rugas. É nossa pele se deteriorando.
Vem devagar, uma aqui, outra ali. Dos dois lados, igualmente distribuídas, sem pedir licença, para o desespero de todos.
Rosto, pescoço, mãos e finalmente o resto do corpo. É a beleza e a juventude ficando para traz, dando lugar à maturidade, a sabedoria que só o tempo percorrido nos dá.
Quando jovens, somos fúteis, materialistas. Pensamos ser, ter a fonte. Mas elas vêm. Como se dissessem: “o relógio não para. O tempo passou”. “Não vou mais olhar no espelho”, muitos dizem. Não adianta está na cara, não no reflexo. Segui conosco, anda conosco. Lembrança.
Umas tentam driblar, esconder. Plástica. Também não adianta, é só pele, físico. Os anos não são tirados com bisturis.
Deixem-nas, que nos acompanhem. É “sinal” de vida. Estão em paralelo sim, mas acompanhando nossa história. Afinal começamos a envelhecer no dia em que nascemos. Não com elas. Apenas fazem parte das marcas do tempo vivido, explorado por nós. Quem não as tem é por que já se foi.
Vamos cumprir nossa missão e viver cada momento escrito por elas.

domingo, 3 de maio de 2009

O Guarda - Roupa


Doa-se. Era o que estava escrito nos classificados de um jornal. Doa-se um guarda-roupa. De madeira envernizada, quatro portas, espelho embutido. Vão até os cabides!
Ah! Mas não é um guarda-roupa comum! Vou explicar:
Quando nasci, minhas roupas e mantas, minha mãe guardava ali. Uma vez garoto, era bola, brinquedo, livros, uniforme. Tudo junto com as minhas histórias.
Na adolescência, roupas de festas, bailes. Camisas com marcas de batom. Primeiro beijo.
Ao olhar no espelho, com ele minha imagem se fundia. Companheiro.
Meu Deus, vejam só, quando me casei, de presente eu o ganhei. Mãe, são todas iguais.
O dividi com minha esposa, guardei as roupinhas do meu filhinho. Bonés, sapatinhos.
A família cresceu, mas ele estava ali, firme.
Foram anos de convivência amigável, de cumplicidade e segredos.
Podem ficar. Sei, é usado. Mas não vou mais precisar. Já tirei dele meu último terno.
“Texto escrito pelo doador antes de morrer”.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Fim do Mundo


Num céu límpido de profundidade infinita que azul nos transparece, o sol se põe atrás dos montes num amarelo de fogo contrastante ao fundo vermelho que seu reflexo espalha no horizonte. Some, finalizando sua ronda do lado de cá.
A terra é quem gira, claro. Mas enfim, assim nos parece. É! Como se nosso planeta fosse o centro. Egocentrismo terreno.
Esses movimentos me fascinam, mas na infância ainda mais, principalmente por um termo até hoje usado: “é o fim do mundo!” Esse lugar para mim era onde o sol se escondia. Eu achava que a terra era quadrada. Se fossemos até lá, veríamos o fim de tudo, como quando se olha da beira de um penhasco. Não se veria mais nada. Ui! Sentia até vertigem em pensar. No entanto era minha meta ir lá.
Ao entrar na escola, naquela época só se integrava às escolas aos 7 anos de idade, me decepcionei. Descobri que a terra era redonda, se seguíssemos a rota do sol, voltaríamos ao ponto de partida. Minha teoria evaporou. “E onde é o fim do mundo então?” Indagava. Os adultos respondiam: “não sei onde, nem quando”. “Ainda tem, quando”, insistia eu curiosa, e nada, ninguém sabia me responder.
Logo que aprendi ler escrever, pesquisei, procurei. E baseado em meus “estudos”, cheguei a uma conclusão: a terra nunca se exterminará, o sistema é perfeito. Mas o fim do mundo chegará para cada um de nós no momento em que morrermos. Assim, constatei que essa, era a verdadeira reposta para a minha insistente pergunta. O resto era só uma expressão utilizada para uma situação absurda.
Não importa, afinal, um dia terei o meu tão procurado “fim do mundo”, só não sei onde e nem quando.


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pedofilia


Fiquei em dúvida se essa palavra merecia o título de uma crônica; não, não merece, contudo, ela é real e seu significado tem causado dor, revolta, espanto e, sobretudo polêmica em nossa sociedade. Na verdade se pudéssemos nós a eliminaríamos, riscaríamos da face da terra ela e o que seus atos provocam, mas esse poder nós nos pertence. Ela é abominável, desumana, execrável, atos esses que tiram a infância de criaturinhas ainda puras e sem contato com a sujeira do mundo.
Uma menina, eu disse uma menina de nove anos com um metro e trinta de tamanho, pesando trinta e três quilos, que no mínimo deveria só brincar de boneca, é abusada por um homem que deveria protegê-la, dar carinho. Grávida, de gêmeos, sem se quer ter o corpinho formado para receber tal carga, física e mental se viu nessa situação. Inconcebível. Como negar a essa garotinha o direito a vida; porque, com certeza sucumbiria a tal agressão.
Parentes, amigos, conhecidos; saem da sua condição de seres humanos se transformam em seres irracionais e sem piedade arranca de pequenas criaturas o direito a infância, coisa que deveria se perder naturalmente, com o passar dos anos, devagar, dia a dia, para então entrar no mundo dos adultos, e aí fazer suas próprias escolhas, já é um absurdo um desconhecido atentar contra o pudor, imaginem pessoas do convívio; pessoas que viram essas crianças brincarem com suas bonecas, bolas em frente a sua casa sem se quer ter noção do mundão que as espera lá fora, então vêm inescrupulosos como esses e lhes adianta inadequadamente anos de suas vidas, lhes confundindo e privando da pureza. Se existe alguém que deveria ser excomungado é no mínimo esses animais que de racionais não têm nada, mas em minha opinião esse poder nós também não temos, pertence a Deus. No entanto devem sim pagar e pagar caro pelo seu mal feito; devem ser trancafiados até seu juízo final, porque não são dignos de viver em uma sociedade livres por aí trazendo infortúnios às pessoas de bem.
Harmonia, essa sim é a palavra certa para o convívio de uma comunidade, com famílias, amigos e vizinhos. Que pena que isso não é possível mais. A erva daninha tem crescido no meio do trigo bom, e cabe a nós arrancá-la e continuar regando a paz, mas não se esqueçam, “orai e vigiai”.


segunda-feira, 6 de abril de 2009

Páscoa


O que essa palavra nos lembra! Ah! Chocolate, domingo. É bom não é? É muito bom mesmo. Mas ela tem, na verdade, um significado que vai muito além dos “ovos de páscoa”.
Páscoa quer dizer passagem, e pelo próprio significado começou a ser comemorada bem antes de Cristo. Ela celebra a libertação do antigo povo hebreu da escravidão do Egito, quando Deus atendeu ao clamor de Moisés, o mar se abriu e o povo fez a passagem para a terra prometida, lembra! E essa época do ano nunca mais foi a mesma para eles, um povo reprimido e judiado pelos egípcios. Desde então é uma festa, inclusive o próprio Jesus comemorou quando veio aqui na terra. Mas aos 33 anos de idade Ele fez melhor, Ele deu a todos nós, e não só para o povo judeu motivo para celebrar, nos alegrar nesse dia com festas, danças, banquetes e porque não chocolates!
A razão para tanto é que Jesus foi açoitado, pregado na cruz, morto e sepultado, desceu a mansão dos mortos; tudo isso para pagar os nossos pecados que antes era mais difícil de conseguirmos. Cumprir os 10 mandamentos. Como o nosso Deus é misericordioso!
Por essa nova aliança a salvação foi nos dada, é isso mesmo, ela é grátis, e ela se consumou porque Jesus ressuscitou ao terceiro dia, hoje comemorado na páscoa, e subiu aos céus e está assentado à direita de Deus nos justificando, assim esse dia passou a ser o de mais importância nas nossas vidas; quem crer nisso terá vida eterna e agora comemorar juntamente com os judeus que têm esse dia em sua memória e nós em nossas vidas; a páscoa. Onde passamos de criatura para filhos de um Deus que veio a terra e sofreu por amor de nós. Mas lembrem-se essa passagem só pode ser feita por quem crer na morte e ressurreição de Cristo, O Salvador.
È a boa nova e sempre será, pois de várias tentativas de dar redenção ao homem, conversando, mandando mandamentos, Deus resolveu vir aqui em pessoa e entregar em nossas mãos a “passagem” para chegarmos ao céu, digno de festejar, não é!
Cantem e celebrem nesse domingo de “Páscoa” Jesus pagou o preço por nós. Por isso, “Uma feliz Páscoa para todos, e que Deus nos abençoe nessa época tão difícil”.


domingo, 29 de março de 2009

Saudades


Saudades, saudades, sinto saudades.
O azul e a limpidez do céu eram constantes; mas a claridade, fresca como a brisa, e as ruas, de ouro com maciez de algodão doce. Andávamos em nuvens.
Sinto saudades.
A paz reinava! De longe se via o trono. Era de meu Pai.
Suas vestes reluzentes, ainda que lindas não refletiam a beleza de Sua face. Línguas de fogo incandescentes saiam como faíscas, mostrando seu poder e glória. Mesmo assim Ele olhava para mim, e em Seus olhos tinham tanta ternura que meu coração ardia em chamas de amor e satisfação.
Sinto saudades.
Ao tocar das trombetas, era uma festa! Mais um se convertera, Eu corria para Seus braços, e Ele me rodava no ar. Seu cheiro era como de jasmim, de uma flor ou de todas ao mesmo tempo. O coro dos anjos ressoava com doçura e celebração.
A felicidade se manifestava em meus olhos e escorria pelo meu rosto. Meu choro era como cristal!
Sinto saudades.
Na adoração, me prostrava ante Seus pés e meu peito se enchia de júbilo e alegria. Era tanto amor!
No louvor; todos num uníssono, cantávamos até flutuar em Sua magnífica presença.
Orar era alimento! Me humilhar, meu prazer!
Meu espírito regozijava; e eu o chamava de papai.
Sinto saudades!
Certa hora mandou me viajar. Minha bagagem estava pronta. Missão! Nasci!
Tão logo cumpri ordens e for tempo, quero voltar ao lar, e lá correr para Seus braços e a Seus pés eternizar meus sentimentos, e nunca mais me afastar Dele; o Senhor dos Senhores, o meu Deus, pois sinto saudades. !

segunda-feira, 23 de março de 2009

Fred


Poderia falar de vários “Freds”, Fred Astaire, Fred Mercury, Freds famosos, reconhecidos pelo mundo inteiro, mas não; quero falar de um ratinho, ou melhor, de um hamster, meu filho ganhou de sua namorada ele, o nosso Fred, não cantava, não era ator, mas era o roedor mais esperto, inteligente e fofinho que já vi; logo nos primeiros dias na família já o percebemos. Passava as noites a toda, o barulho da sua rodinha de exercícios não deixava ninguém dormir, e logo na primeira delas Rodolfo o tirou e o colocou entre livros, ele roeu os livros e escapou. Escalava sua gaiolinha como se fizesse exercícios de barras do exército, quando chacoalhávamos o saquinho da semente de girassol, seu alimento, ele ficava louco, lambia nossos dedos, e também os mordia. Andava pela casa toda, sumia! Mas amava de paixão seu cantinho, sua meia, Curitiba, frio!
Meu filho vinha para Moji Mirim, interior de São Paulo. Ele lá, numa caixinha dentro da mochila, viajava. Enfrentou e venceu várias delas, acostumamos com ele! Mas a vida é cruel, eles vivem pouco! Em sua última jornada fora de seu habitat deu sinal de que seu tempo estava acabando. Não queria mais comer, beber, seu corpinho pequenino mostrava sinal de doença, triste!
Na ânsia de ajudá-lo, “vamos dar castanha de presente de natal para ele”, disse Rodolfo, e aí demos queijo, água na boca, remédio; Fred mostrava melhora, logo depois piora; e seu martírio e nossa tristeza aumentavam. “Freeeeeeeeeeeeeeed” brincava com ele Rodolfo, ”vamos reage”. E numa sexta feira a noite tirou-o da gaiola e ele, correu por todo lado, mas logo voltou para seu recanto. A cada hora íamos confirmar seu bem estar, e numa dessas horas nos demos conta de sua fragilidade, estava vivo, mas sem forças e dependurado numa das barras da grade que fora sinônimo de seu vigor. Venceu a noite! Ao amanhecer já sedia à doença, Diogo meu outro filho o encontra sem vida, choramos!
Hoje está morando no meu jardim, é no meu jardim; foi lá que decidimos deixá-lo morar, sem barulho, sem rodinha, mas à sombra de uma árvore, pra sempre!
Meu hamster foi para o céu!

terça-feira, 17 de março de 2009

Um Filho, uma Benção


Uma esposa, um marido, como uma família qualquer planeja aumentar a família, engravidam, e no ato um espermatozóide campeão em “natação” chega primeiro, deixando pra trás os competidores desconsolados, e após vencer seus adversários recebe seu prêmio, o óvulo, fecunda-o e dá-se início à vida, é um menino, mas ninguém o sabe, ninguém ainda o viu, Deus sim.
A mãe faz planos, dá nomes àquela criaturinha ainda sem formas, na espera, a criança cresce; se desenvolve, como outra qualquer, não, essa não, ela era especial, única, escolhida por Deus e enquanto um feto se desenvolve normalmente, ele, o campeão, segue com outros planos, o de ser diferente, o de causar sentimentos, visão diferente da vida.
Madrugada. Sua hora chegou. O feto que não se desenvolveu como os outros; agora o menino, vê o milagre da vida. Um sorriso, como se um anjo, marca o seu primeiro contato com a mãe. Não tinha os pés, não tinha as mãos. Choro, emoção, incubadora.
O tempo começou a mostrar para quê aquele pequenino nascera. Cirurgia, dor; prótese aos 3 anos; aprendeu a andar. Pré-escola, escola, toca bateria, na igreja.
Daniel. Daniel Dias, Danielzinho para os seus, é, esse é aquele que no ventre teimou em não se desenvolver, agora a todo vapor. Preconceito? O ser humano tem que aprender a enxergar além, ele enxergou! De um “defeito” arrumou forças, superação. Um sorriso, como àquele do primeiro encontro com sua mãe, encanta a todos, como a encantou, lá, no começo de tudo.
E como a vida é para ser vivida um dia de cada vez, é isso que ele fez, cada manhã, um dia diferente a ser vivido, a ser conquistado, e como conquista! Danielzinho, o presente de Deus para sua família, agora um presente, também para um país. Um herói, um exemplo, não por ser deficiente, mas por ser o que é; uma benção que só o Senhor pôde criar, um campeão, desde o começo, ele já sabia. Com treino, vontade, nadou, nadou, nadou tanto! venceu.
Para-Olimpíadas, medalhas, ouro, prata. É; ele é “Para” mesmo, mas só para os vencedores.
Parabéns Daniel Dias, você é um orgulho para a nação brasileira.

terça-feira, 10 de março de 2009

Zico Pão de Coco


Zico Pão de coco era o nome de um passarinho belga, lindo, que cantava esfuziantemente numa árvore em frente à janela do meu quarto toda manhã.
Chamei-o assim por gostar de comer migalhas de pão de coco. Eu o alimentava, saciava sua sede. Ele cantava como nunca, cada dia melhor e mais bonito.
Acreditando em nossa amizade, armei-lhe uma arapuca. E para exibi-lo aos amigos, comprei uma linda gaiola e o coloquei. Não deu certo, passou a não comer, não beber e muito menos cantar. A tristeza estava estampada naqueles que antes eram curiosos olhinhos. Agora, não mais.
Com pesar pela covardia e egoísmo. Abri-lhe a porta da prisão. Já fraco, não alçou vôo. Ao tentar, desfaleceu-se no chão. Para reparar aquele equívoco tive a idéia de lhe dar uma companheira, era macho.
Com esperanças, percebi uma leve reação. Ainda assim não deu, o dano fora irreversível. Uma semana depois o enterrei no quintal sob o olhar da ex-companheira de cela daquele que fora sinônimo de liberdade.
Indeciso, pensei se devia ou não soltá-la, não queria permanecer no erro, ela não cantava mesmo!
Decidi. Abri à gaiola e a espantei. Insegura e sem saber o que fazer, a passarinha foi para a árvore onde outrora um lindo espécime cantava com a combinação de outros, como uma orquestra regida pela natureza.
Voltando do trabalho ouvi um barulho lá fora. Era ela, em cima da grade de sua antiga morada.
Passaram-se semanas e nada dela ir embora. Tentado compreender tal atitude, depois do fiasco, abri-lhe a portinhola. Toda feliz entrou e se instalou. Como queira, disse eu lhe fazendo um carinho.
Dias mais tarde notei 3 ovinhos no ninho. Depois de chocados, nasceram com penugens iguais as dele. Eu os vi crescer e cantar lindamente como o pai, mesmo que em cativeiro. Não haviam conhecido a liberdade.
Seus nomes? Zico, Pão e Coco.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Luz na Janela




Todos os dias, no vai e vem do ônibus, lá estava ela. No meio do nada. Via-se ao longe. Uma só a brilhar na janela. Uma luz.
Da casinha não sabia nada, nem a cor, mas era um encanto para meus olhos. Entre árvores parecia me piscar, fazer contato.
E eu? Noites a fio ansiosa, esperava lhe encontrar. Tinha aulas. Faculdade. Em outro lugar. Era caminho.
Quando de dia ali passava, estrada malvada, ela não me revelava.
Mas no mesmo horário, parecia me chamar. Oh! Céus, o que queria dizer? Código Morse? Não sei.
Minha mente turbilhava hipnotizada. Seria alegria! Seria Tristeza! Seria socorro! Era só cumprimento? Ou companhia? Afinal, o que queria?
No tempo transcorrente o mistério e a curiosidade andaram juntos. Quem estaria por trás daquela empatia. Quem era! Nunca soube.
Pouco antes de acabar meu curso a luz se apagou. Senti um vazio. Era fantasia. Amigo imaginário. Chorei.
Meu Deus, carência afetiva. Preciso de um amigo. Um amigo real.