segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ação que Exige Reação


Calçadão. Comprido, cheio de lojas. Movimentado. No centro de uma grande cidade. Um vai, e vem. Pessoas de toda ordem e cor.
No meio, bem no meio, uma faixa, como um corredor. É para cegos. Indicador.
E lá eles passam; todos os dias, com suas bengalas. Ondulados.
De uma loja, uma balconista observa, tem dó, compaixão. E para tristeza e dor, vê um jovem implicando com um fiel passador. Puxa bengala, chuta, empurra. Rouba os óculos, escuros, disfarce. O velhinho se exalta. Embaraçado. Falta amor.
A moça vai em socorro: “o senhor está bem?” Pergunta. “Estou”, responde. Constrangedor.
Virou uma constante do garoto gozador. Os amigos riam. Ponto de ônibus escolar, os pais não estavam lá.
A balconista incomodada resolveu apelar, da mesma forma com ele zoar.
Pegou o rapazinho, vendou seus olhos, e o fez todo o trajeto caminhar. Todo o mundo parou, para assistir ao show. Palmas, assobio, gozação.
Envergonhado, arrependido, ali nunca mais voltou.
Divulgado o tropeço, a justiceira com um vereador conversou. Fez um relatório, uma emenda. Ele aprovou:
Para respeito e ordem: - Ladrão trabalhará na cadeia para pagar o roubo.
- Assassino pagará pensão à família da vítima.
- Corruptos devolverão o dinheiro com juros.
- Espancadores, estupradores, bem, terão o que merecem.
- Caloteiros, pagarão o dobro.
- ....
Enfim, uma reação com justiça.
(Ficção, lógico. Seria melhor se não existisse esse tipo de ação).

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