Meu pai era um homem muito engraçado, gostava de fazer palhaçadas ou nos dar presentes diferentes, até divertidos. Fazia piada com tudo. Minha quinta irmã, Mara, era bem gordinha, ele a beliscava toda hora, e eu morria de vontade de participar da brincadeira, mas dizia, “beliscar osso não em jeito!” E ria, eu era bem magrinha.
Uma vez ele chegou em casa com um monte de pintinhos, filhotinho amarelinhos chocados pela galinha, era para criarmos no quintal. Costume de interior. Vendia-se na rua mesmo.
Foi uma festa, peguei um para mim. Ele era adorável, lindo, uma delicia de acariciar. Nos tornamos bons amigos. Seu nome? Piu-Piu.
Quando os que estavam no criadouro iam para a morte, eu chorava dizendo, “o meu Piu-Piu ninguém mata!”. E os coitadinhos não morriam, minha madrasta dizia, “tirem essa menina daqui, ela atrapalha”.
Em pouco tempo o pintinho virou franguinho, quando ia para a escola, ele me seguia rua afora, eu gritava, ordenava com dedinho esticado e dor no coração, “volte para casa”, mas o bichinho de penas não obedecia, só queria ficar perto de mim, a recíproca era verdadeira, mas tinha meu compromisso.
Obrigada a colocar-lhe coleira, comecei a trata-lo como cachorro, e ele se achava! Era o tal. Passeava pelas ruas puxado-o pela cordinha, hilário. Chamava atenção, todos paravam para assistir a cena e ver a dupla.
Realmente nos tornamos inseparáveis. Ficávamos juntos todo o meu tempo disponível.
Num sábado, visitava uma amiga pela manhã, ao chegar em casa para o almoço me deparei com a família já reunida à mesa. Pedi desculpas pelo atraso e fui dizendo, “que cheiro delicioso, estou morrendo de fome”, sentei e comi até me fartar.
Ainda estávamos a conversar à mesa quando minha madrasta disse, “gostou Deny?”, e eu, “estava ótimo, uma delícia mesmo”, e ela, “que bom que gostou, porque era o seu Piu-Piu”. “Meu Deus”, disse eu, “comi meu melhor amigo!”, fui ao banheiro e vomitei tudo, até o último pedaço, pois sentia a sensação de traição me remoendo por dentro. Foi muito difícil agüentar a culpa.
Mais tarde vim, a saber, que nossa situação financeira não estava boa, meu pai tinha sido demitido havia algum tempo e com a saúde debilitada não conseguira arrumar outro emprego, portanto estávamos sem dinheiro.
A façanha de meus pais me feriu, senti saudades do meu amiguinho, mas deixei pra lá ao refletir, “não tem problema, os frangos foram feitos para isso mesmo, não é? Para nos alimentar! Talvez um dia ganhe um cachorrinho”. Foi só para me consolar, que remédio!
Uma vez ele chegou em casa com um monte de pintinhos, filhotinho amarelinhos chocados pela galinha, era para criarmos no quintal. Costume de interior. Vendia-se na rua mesmo.
Foi uma festa, peguei um para mim. Ele era adorável, lindo, uma delicia de acariciar. Nos tornamos bons amigos. Seu nome? Piu-Piu.
Quando os que estavam no criadouro iam para a morte, eu chorava dizendo, “o meu Piu-Piu ninguém mata!”. E os coitadinhos não morriam, minha madrasta dizia, “tirem essa menina daqui, ela atrapalha”.
Em pouco tempo o pintinho virou franguinho, quando ia para a escola, ele me seguia rua afora, eu gritava, ordenava com dedinho esticado e dor no coração, “volte para casa”, mas o bichinho de penas não obedecia, só queria ficar perto de mim, a recíproca era verdadeira, mas tinha meu compromisso.
Obrigada a colocar-lhe coleira, comecei a trata-lo como cachorro, e ele se achava! Era o tal. Passeava pelas ruas puxado-o pela cordinha, hilário. Chamava atenção, todos paravam para assistir a cena e ver a dupla.
Realmente nos tornamos inseparáveis. Ficávamos juntos todo o meu tempo disponível.
Num sábado, visitava uma amiga pela manhã, ao chegar em casa para o almoço me deparei com a família já reunida à mesa. Pedi desculpas pelo atraso e fui dizendo, “que cheiro delicioso, estou morrendo de fome”, sentei e comi até me fartar.
Ainda estávamos a conversar à mesa quando minha madrasta disse, “gostou Deny?”, e eu, “estava ótimo, uma delícia mesmo”, e ela, “que bom que gostou, porque era o seu Piu-Piu”. “Meu Deus”, disse eu, “comi meu melhor amigo!”, fui ao banheiro e vomitei tudo, até o último pedaço, pois sentia a sensação de traição me remoendo por dentro. Foi muito difícil agüentar a culpa.
Mais tarde vim, a saber, que nossa situação financeira não estava boa, meu pai tinha sido demitido havia algum tempo e com a saúde debilitada não conseguira arrumar outro emprego, portanto estávamos sem dinheiro.
A façanha de meus pais me feriu, senti saudades do meu amiguinho, mas deixei pra lá ao refletir, “não tem problema, os frangos foram feitos para isso mesmo, não é? Para nos alimentar! Talvez um dia ganhe um cachorrinho”. Foi só para me consolar, que remédio!
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