Eram 19h00min, uma noite fria de um inverno rigoroso de nossa cidade, meu marido e eu, íamos ao supermercado, a pé, conversando, quase que passeando, não era longe de casa. Ao falar, nossas bocas pareciam chaminés exalando fumaça de algo a cozinhar. Encontro do ar quente do corpo com o sereno.
Andávamos calmamente. Na porta do nosso destino, bem a nossa frente estacionou uma Mercedes. Linda. Preta, o modelo daquele carro? Nem sei dizer. Um luxo. Ficamos admirando por uns instantes até que sentimos um cheiro ruim forte de lixo. Olhamos para trás, havia uma família. Pai, mãe e três filhos revirando os cestos, os sacos. Catadores, sobreviventes. Material reciclável. Vender para comer.
Espalhavam tudo pelo chão, para separar. Tapamos o nariz, odor insuportável. “Deviam usar luvas e máscaras”, comentou meu marido.
Era a classe alta de um lado, a baixa do outro, e nós, a média, no meio, assistindo o horror e o espetacular.
Temos uns amigos que falam que o Brasil é uma “Belíndia”, mistura de Bélgica com Índia. E é verdade, aqui se vai de céu a inferno num só passeio.
A elite saiu do supermercado com garrafas e pacotes recheados de guloseimas, das melhores. Entraram no veículo confortável; ar condicionado, e seguiu, provavelmente para uma mansão.
A plebe, os inclusos, saiu com garrafas vazias, pacotes, restos maus cheirosos, numa carroça de duas rodas, puxada por eles mesmos para seu barraco, no subúrbio provavelmente.
Nós dois ficamos ali, estagnados com o disparate que acabávamos de presenciar. Quase congelados, seguimos em frente, nem fizemos compras. Continuamos andando, soltando fumaçinhas pela boca a conversar sobre o acontecido, “qual será a próxima cena que veremos”, desejando que aquela fosse apenas parte de um filme, de ficção.
Andávamos calmamente. Na porta do nosso destino, bem a nossa frente estacionou uma Mercedes. Linda. Preta, o modelo daquele carro? Nem sei dizer. Um luxo. Ficamos admirando por uns instantes até que sentimos um cheiro ruim forte de lixo. Olhamos para trás, havia uma família. Pai, mãe e três filhos revirando os cestos, os sacos. Catadores, sobreviventes. Material reciclável. Vender para comer.
Espalhavam tudo pelo chão, para separar. Tapamos o nariz, odor insuportável. “Deviam usar luvas e máscaras”, comentou meu marido.
Era a classe alta de um lado, a baixa do outro, e nós, a média, no meio, assistindo o horror e o espetacular.
Temos uns amigos que falam que o Brasil é uma “Belíndia”, mistura de Bélgica com Índia. E é verdade, aqui se vai de céu a inferno num só passeio.
A elite saiu do supermercado com garrafas e pacotes recheados de guloseimas, das melhores. Entraram no veículo confortável; ar condicionado, e seguiu, provavelmente para uma mansão.
A plebe, os inclusos, saiu com garrafas vazias, pacotes, restos maus cheirosos, numa carroça de duas rodas, puxada por eles mesmos para seu barraco, no subúrbio provavelmente.
Nós dois ficamos ali, estagnados com o disparate que acabávamos de presenciar. Quase congelados, seguimos em frente, nem fizemos compras. Continuamos andando, soltando fumaçinhas pela boca a conversar sobre o acontecido, “qual será a próxima cena que veremos”, desejando que aquela fosse apenas parte de um filme, de ficção.
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