terça-feira, 14 de setembro de 2010

PAI


Eu já escrevi sobre o “Dia dos Pais” algumas vezes. Já falei do meu pai, do pai do meu pai, do meu marido como pai, do pai de todo mundo, e também do Deus Pai. Agora vou falar só de “Pai”, do meu pai.
O meu pai se foi cedo, eu ainda era jovenzinha. Ele era engraçado, gostava de nos fazer rir, chorar também, não por querer; acho que ele não foi preparado para ser “Pai”!!! Ele era um menino “adulto”, sem estrutura para tanto. Mesmo assim, o meu “Pai”. Soltava rojão e fazia festa quando cada um de nós nascia, e já pensava no próximo! Ao todo, 12 filhos, noves fora, sobraram 8. Minha mãe, com leucemia, morreu aos 29 anos, um dia após o nascimento da última, eu tinha apenas 5. Ele pirou. Se trancou num quarto e chorou por 3 dias. Mas ainda assim ele era o meu “Pai”. “E agora?” Se perguntou. Casou-se 8 meses depois. Lutou pela vida tendo mais 2 filhos. Era seu modo de dizer: “estou vivo”. Não tinha como “evitar”; vicio, ou tempos de se provar masculinidade; não sei! Ele nem teve culpa, levou a sério “crescei-vos e multiplicai-vos”, é, sei, meio sem responsabilidade, mas ele era o meu “Pai”. Espirituoso, tinha trejeitos de imitador. Alimentava-nos, vestia-nos, embora não cuidava de si mesmo. A vida lhe era estranha, para mim, um peixe que pulou fora d’água. Gente! Ele era o meu “Pai!”
Ao não se cuidar, parecia que andava numa corda bamba, por franqueza ou despreparo, também não sei, ficou seriamente doente. Debilitado, cuidou de nós, todos, aos trancos e barrancos. Queria ardentemente o nosso bem, mas não tinha forças para reagir. Tivemos sim época de vacas gordas, no entanto elas emagreceram de tal forma que nem davam para o abate. Então, pouco antes dele ir-se fomos aprendendo a cuidar de nós mesmos. Ele era inteligente, esperto, mas um pouco de sua vontade foi-se com minha mãe. Ele a amava, e também amava a segunda esposa, na verdade tinha que amar mais a si mesmo para enfrentar uma vida, ou melhor, a vida, ela não dá trégua e acontece mesmo sem consentirmos. Mas ele era o meu “Pai”. Nunca me contou historinhas ou me colocou para dormir, pois sim, eram tantos! Mas descascava uma laranja como ninguém; chupava manga sentado no chão comigo! Era uma criança que esqueceu ou não foi avisado da importância de se trazer uma alma para a terra.
Meu “Pai” não foi meu herói, mas também não foi meu bandido, foi sim um homem, o homem que Deus usou para me dar vida, vida essa a qual agora tenho em abundância. Obrigada pai por ter tido tantos filhos e me dado a chance de viver, te agradeço por estar aqui hoje e poder falar ao mundo do homem cujo codinome era “Telinho”, o meu “Pai”.

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