quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sem Destino


Dia lindo, mês de abril, centenas de pessoas enfileiradas subindo a bordo. Passageiros de três classes sociais, tripulação, serviçais, todos tomando seus lugares.
Um apito, a partida, o adeus. Expectativa, viagem inaugural, o maior do mundo.
A terra já se via ao longe. Aposentos luxuosos, jantares, festas, danças, drinks. Roupas finas e jóias, classe alta. Tombadilhos para passear, apreciar o céu, o mar. Divertimento, salão de jogos, de leitura, um luxo.
Atracar, seguir viagem. Segurança garantida, travessia do atlântico. Londres, Nova York. Poucas escalas, navio monumental, histórico.
Tudo na mais perfeita ordem. Noite fria, mas agradável, estrelas, lua cheia. Euforia pelo privilégio. De repente, um barulho, um tremor. Colisão, onde? Como? Iceberg.
De alegria a pavor, desespero, gritos. SOS. Objetos caindo, água entrando. Uma música incessante tocava como marcha fúnebre. Ordens do capitão, não parar. Impossível, morte iminente, pedidos de socorro, correria, salva vidas.
Tragédia. Pessoas, sobras de casco boiando. Poucos botes em direção a vida.
Gemidos fracos, choros tristes, esforço. E um silêncio mortal, águas geladas. E o que parecia impossível aconteceu.
“Foi assim meu pai, o meu sonho. Por favor, vamos deixar para conhecer a América em outra ocasião, estou com medo”.
“Elizabeth, minha filha, não se preocupe, esse transatlântico nem Deus afunda, confie em mim”. Blasfêmia.
Dois dias depois, 12 de abril de 1912, eles embarcaram no Titanic. Sem destino.

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