segunda-feira, 14 de março de 2011

Prosa da Boa


“Tarde cumpadre”
“Tarde”, responde ao outro enrolando o fumo na palha.
“Cumé que vai ino a cumadre?”
“Num ta muito bem não, gorda que só veno e ainda ta com bicho de pé”.
“Mais ocê num ta cuidano dela sô?”
“Craro que tô, eu ponhei banha de porco, quente, o bicho saiu, mas ainda dói”.
“E os porco, tão gordo? Os capado, já ta forte pra virá toicim?
“Já tão bão sim, sabia que tão vendeno toicim no mercado?
“Sei, aquele que tomém vende pão né?
“É, o pão da padaria do meu cunhado é bão tomem”.
“Fiquei sabeno que a sua irmã vai larga dele”.
“Minha irmã é muito prestimosa, ta ajudano nas obra da igreja do padre José”.
“Vai ter quermesse por esses dia, o amigo vai da prenda?”
“To pensano num quarto de bezerro”.
“Uai os pastos não tão não?”
“Tenho muito gado e só um cavalo”.
“Cavalo! Aquilo é um pangaré”.
“Pangaré é o seu que num dá conta nem de puxa uma carroça”.
“É que ela quebro as roda”.
“O Sr. Antonio, marceneiro cuncerta”.
“Aquele que fez a porcaria da minha cama? O corchão num cabe nela”.
“Na loja da esquina vende corchão de todo tamãem”.
“Na loja do candidato a vereadô?”.
“É, o primo do prefeito”.
“Político safado, meu irmão é que vai sair candidato nas próxima eleição”.
“Qual dês? O gordo caloteiro?.
“Ara sô, bora muda o rumo dessa prosa. Cume que ta a cumadre?”
Pitando o cigarro de palha ele responde: “Num ta muito bem não, gorda que só
no e ainda ta com...”.

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