sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mamãe



Minha mãe era linda. Alta, de olhos claros. Cabelos louros, ou marrons; desculpe, eu não sei ao certo. O caso é que convivi com ela bem pouco; para ser exata, 5 anos, sete meses e meio. Os 5 anos foram de vida, da minha vida. O restante faz parte do tempo em que estive em seu ventre. Deu para entender, não é? Nasci prematura. É que foi tão pouco nossa estada juntas que me agarro às migalhas do tempo que estive perto dela! Com 29 anos ela se foi! Minhas irmãs mais velhas contam como era minha relação com ela. Só me sobrou isso! Histórias!
Magrinha, pequenina para a idade e bem lourinha, eu era. A ponto de ela me mimar pensando ser eu uma frágil criaturinha.
Branquinha; era como ela me chamava. E eu, passava álcool em suas costas, todos os dias. Ai que vergonha contar isso, mas dizem as “más línguas” que eu a perguntava, “quanto à senhora vai me pagar por isso”? Eh! Mesmo assim ela me mantinha a seu lado, perto da cama, o tempo todo. Lugar de onde dirigia a casa, os 7 filhos e sua última gravidez. Ela tinha leucemia. Faleceu um dia após dar a luz à última, uma menina; que não vem ao caso. Quero falar de mim com ela! Só eu e ela!
Da cama a qual permaneceu até o fim, mas que lhe proporcionou dias a mais por ali descansar, mandava e desmandava na família, tinha ajudantes, mas sua era a palavra final, ai de quem não obedecesse, voavam chinelos por todos os lados! Ela era bem rígida!
Se eu me lembro de alguma coisa? Qual nada, tudo que aqui já disse são informações angariadas ao longo dos anos por curiosidade, perdão e amor meu por ela.
A partir do dia que, na minha mente, claro! Ela “misteriosamente” desapareceu, por que para mim ninguém explicou nada, talvez eu não fosse entender mesmo! Fiquei meio perdida a procurá-la!! Meu pai; acho que mais atordoado que os próprios filhos; tratou rapidinho de arrumar outra mãe para sua prole órfã.
Eu era do meio. Não entendia, mas também não deixava de entender. “Quem seria àquela que me arrumara e me pusera à sua frente como dama de honra a levar as alianças em seu enlace com meu próprio pai”! Perguntava-me eu!
O fato foi que, minha mãe tinha ido embora e outra mulher ocupara seu lugar e me obrigara a chamá-la pelo nome sagrado em que só abrira a boca para chamar, a mulher que me dera à luz. Mamãe!
Se tudo aquilo estava certo ou não, não me cabe julgar. Demorei, sofri, mas com o tempo dei a mão à palmatória e a chamei, mãe! Acreditem foi o que amainou a confusão da minha mente e abrandou a sensação de abandono que me cercava.
Dizem que mãe é aquela que cria! Concordo! No entanto, no meu caso sou agradecida, tive duas. A que me gerou e a que me criou, e sei que se pudesse a mãe que me teve em seu ventre também expressaria sua gratidão àquela que gentilmente tomou para si a sina de criar filhos que não eram de seu sangue, mas que os recebeu como se o fossem. Obrigada mamães, amo vocês duas.

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