sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Coveiro

Sempre ali. Primeiro e último.
Enquanto o cortejo vem ele pensa, “seres humanos, deviam se ver como eu os vejo. Todos iguais, na horizontal. Mudos, pálidos.
Brancos ou negros, ricos ou pobres. Imóveis dentro do caixão, da urna. Sem o que outrora os fizera diferentes, a vida.
Agora na morte, só resta esperar, lado a lado com seus novos condôminos, virar pó e se juntar a terra, que é para onde devemos retornar.
Na aparência não valem mais nada. Agora imune aos dolos, esperam o juízo final.
Os motivos pelos quais vêm parar aqui são diversos: má direção, morte súbita, anjos que nem chegaram a nascer. Anciãos de idade vencida.
O que fica é só o espírito, no amor ou na dor, eterna”.
Quando tudo começa, vem a sua mente: ”e quando for a minha vez? Estarei preparado?“
Então com respeito e compaixão, os enterra, apaga-lhes a luz, priva-os do ar. Encerra seus corpos em túmulos, jazigos, separando-os para sempre de seus entes queridos.
“Sei que um dia estarei ali” continua a pensar, “quem me servirá!”
A sós, expressa condolências dizendo: “Descanse em paz”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário