Era mês de março do ano de 1996, sábado. Minha casa estava cheia, visita para o almoço. Num dado momento, sozinha na cozinha, preparando as guloseimas, senti alguém atrás de mim. Pensando ser meu cunhado, o chamei. Ouvi-o responder lá de baixo, casa de três pavimentos. Fiquei intrigada, tinha a certeza de sua presença ali.
À noite, mesmo dia, a tropa toda já havia se ido, mandei meus filhos dormirem. O mais velho, de oito anos, tinha competição de natação às 5h00 da manhã de domingo.
Deitados, o pai foi lhes dar boa noite, eu na sala de TV. Depois de um tempo, vi um vulto e perguntei se eles já haviam dormido, não obtive resposta, contatei que estava só. “Outro engano?” Me perguntei.
Tarde, cansados, fomos nos deitar. Sono agitado, pesadelo horrível, pessoas gritando, o Brasil inteiro chorando, triste como numa catástrofe. Acordei suando, meu marido não estava do meu lado, olhei no relógio, 4h45min, lembrei da natação, ele ia levar o Rodolfo até o ponto. Desci, eles ainda estavam lá, falei do distúrbio noturno, até chorei, eles me acalmaram e se foram. A competição era em outra cidade.
Peguei no sono outra vez. Tive o mesmo pesadelo. Era demais pra mim. Levantei, já eram 7h00, ele não havia voltado ainda. Preocupada pensei ter descoberto o motivo de tanta sensibilidade, “ele foi raptado, meu Deus e agora”.
Agoniada, comecei, como uma doida, procurar vestígios pela casa. Achei um papel de cigarros na varanda e, “ninguém fuma aqui” me veio. Chorando, não sabia o que fazer.
De repente o portão da garagem se abriu, corri até lá aos prantos.
“Você já soube?” Perguntou ele, e eu, “já, como você se safou?” Ele, “como? Do que está falando?” Eu, “você não foi raptado?” “Claro que não”, disse ele, “que judiação não é?” “Agora sou eu que não estou entendo nada”, disse eu, “que confusão”. Aí ele me deu a terrível notícia, “os Mamonas Assassinas, morreram todos, acidente, o avião deles se chocou contra uma montanha”.
O sangue sumiu do meu rosto, me sentei e contei com detalhes do dia anterior e da noite assustadora. Eu havia pressentido
Mais calma, assisti pela TV a comoção brasileira.
Aquela montanha deturpando o nome da banda quis fazer justiça, e tragicamente se tornou, ela, a verdadeira assassina.
Fazendo jus ao acontecimento, eu a nomeei, “Montanha Assassina”.
Talvez devamos nós escolher melhor nossos títulos, afinal, não se pode sair por aí prendendo “montes” de terra.
À noite, mesmo dia, a tropa toda já havia se ido, mandei meus filhos dormirem. O mais velho, de oito anos, tinha competição de natação às 5h00 da manhã de domingo.
Deitados, o pai foi lhes dar boa noite, eu na sala de TV. Depois de um tempo, vi um vulto e perguntei se eles já haviam dormido, não obtive resposta, contatei que estava só. “Outro engano?” Me perguntei.
Tarde, cansados, fomos nos deitar. Sono agitado, pesadelo horrível, pessoas gritando, o Brasil inteiro chorando, triste como numa catástrofe. Acordei suando, meu marido não estava do meu lado, olhei no relógio, 4h45min, lembrei da natação, ele ia levar o Rodolfo até o ponto. Desci, eles ainda estavam lá, falei do distúrbio noturno, até chorei, eles me acalmaram e se foram. A competição era em outra cidade.
Peguei no sono outra vez. Tive o mesmo pesadelo. Era demais pra mim. Levantei, já eram 7h00, ele não havia voltado ainda. Preocupada pensei ter descoberto o motivo de tanta sensibilidade, “ele foi raptado, meu Deus e agora”.
Agoniada, comecei, como uma doida, procurar vestígios pela casa. Achei um papel de cigarros na varanda e, “ninguém fuma aqui” me veio. Chorando, não sabia o que fazer.
De repente o portão da garagem se abriu, corri até lá aos prantos.
“Você já soube?” Perguntou ele, e eu, “já, como você se safou?” Ele, “como? Do que está falando?” Eu, “você não foi raptado?” “Claro que não”, disse ele, “que judiação não é?” “Agora sou eu que não estou entendo nada”, disse eu, “que confusão”. Aí ele me deu a terrível notícia, “os Mamonas Assassinas, morreram todos, acidente, o avião deles se chocou contra uma montanha”.
O sangue sumiu do meu rosto, me sentei e contei com detalhes do dia anterior e da noite assustadora. Eu havia pressentido
Mais calma, assisti pela TV a comoção brasileira.
Aquela montanha deturpando o nome da banda quis fazer justiça, e tragicamente se tornou, ela, a verdadeira assassina.
Fazendo jus ao acontecimento, eu a nomeei, “Montanha Assassina”.
Talvez devamos nós escolher melhor nossos títulos, afinal, não se pode sair por aí prendendo “montes” de terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário